Manifesto ao Cultivismo

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“Ao invés da antropofagia indianista, vamos degustar a poesia já não mais parnasianista”.


Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – 2015.


Através de uma abordagem simples e direta – como é a proposta empírica do Movimento Café com Poemas -, o presente documento visa cultivar, estimular, sugerir, registrar e provocar uma abrangente discussão, acerca do pensamento cultural, filosófico e intelectual no Brasil da contemporaneidade, respeitando todas as normas vigentes da língua portuguesa, bem como as influências históricas que nortearam os padrões e tendências no seguimento artístico-cultural da nossa literatura atual.
Sendo assim, enumeramos alguns tópicos que acreditamos corresponder a ideologia do Movimento Artístico e literário Café com Poemas, bem como, a fomentação das discussões acerca desse pensamento sobre a arte e a literatura atual.
Denominamos então a expressão “Cultivismo”, um neologismo da palavra “Cultivar” que pode ser também associada ao Cultismo, mas sem nenhuma semelhança de expressividade sintética.
O Cultivismo vai mesmo pelo lado da sinfonia de significados da palavra “cultivar”, associemos:


Tópico – 1: Os quatro pilares


Acreditamos em uma poética regimentada por quatro pilares de sustentação: arte, cultura, educação e filosofia.
A arte denota o caminho natural de expressão e desenvolvimento. A cultura, o legado e a objetividade. A educação, os moldes e a filosofia, a provocação.
A poesia precisa ser perseguida como forma de se buscar um sentido existencial e instrumental, seja através do comportamento poético, seja da linguagem representativa. O ideário da linguagem contemplativa, da “polimentação” poética e do entendimento consequencial (mensagem), do artístico (transcendência) e do ser poeta (personificação).


Tópico – 2: O Sentido da Poesia


Compreendemos que a poesia é toda manifestação onde se pode interpretar uma “mensagem” – contexto – e não somente um conjunto de palavras com rimas, sem rimas, arranjos, métricas, estrofes ou versos; acreditamos em uma poesia que faça sentido para o mundo, que busque conscientizar, não somente confrontar ou provocar estranheza, mas que agregue valores e dê significado verdadeiro ao ser emissário.


Tópico – 3: Polimentação Artística


Acreditamos que a arte só terá sentido quando envolver união, respeito, humildade e acolhimento entre os seus proletários.
Acreditamos na polimentação artística, no sentido de “polir”, ou seja: na contribuição efetiva de ideias e estratégias e no melhoramento da mensagem estabelecida entre seus fomentadores.
A arte também precisa ser compartilhada em prole, abraçada, apadrinhada e oportunizada por todos os seus usufrutos para que haja um movimento, um avivamento estrutural de abrangência culminante.


Tópico – 4: Significados: artista, poeta e escritor – transcendência e personificação


Acreditamos nas diferentes formas de significados entre ser poeta, ser artista e ser apenas um escritor.
O dom de traduzir um pensamento, um fato ou reunião de ideias através das palavras são características do escritor. Ele é capaz de transformar um acontecimento ou uma imaginação em algo estreitamente representativo. Utilizando-se da técnica, da intuição ou habilidades naturais, independentemente de ser profissional ou amador, o escritor carrega a vocação de traduzir, escrever ou informar.
Já o poeta vai além da composição da escrita. Ele vive a própria poesia em si, seja como mensageiro criador – aquele que produz a mensagem, seja como emissário (aquele que dá sentido à mensagem através do seu entendimento e interpretações).
O artista por sua vez é aquele que vai além da poesia, da escrita ou de uma determinada habilidade de produzir sua arte. Ele transcende suas próprias habilidades.
Acreditamos que o artista é um ser da multiplicidade de seus dons naturais. Ele compreende a arte e vive por ela, não somente dela. O artista, em nosso entendimento, pode ser também definido com um ser dorsal, de múltipla
vértebra. Ou seja: aquele que possui mais de uma habilidade artística ou que tenha facilidade de compreensão e de desenvolvimento artístico.


Tópico – 5: Arte contemporânea e suas artificialidades conjuntivas de significados


Acreditamos que a arte contemporânea ainda não produziu a essência poética que o mundo necessita e precisa ser caracterizada, marcada, questionada e idealizada. A arte atual tornou-se uma intensa mesclagem de elementos de diversas expressões artísticas, herdadas pelas incorporações de movimentos anteriores e de uma expressão cada vez mais política, evidenciada pelo “grito” ao invés do “silenciar da contemplação”. Isso de certa forma, assusta, confronta, impõe, transgride e banaliza o conceito do significado da beleza e da forma. Por isso, fica a necessidade de uma ampla discussão e pesquisa sobre o que de fato é arte o que pode ser entendido ou renegado como expressão de natureza artística.


Tópico – 6: Responsabilidade Política do Artista


Acreditamos na responsabilidade política do artista. Ele como agente de seu tempo, sensível a todas as causas inerentes ao processo de condição humana e de suas implicações na formação de uma nova consciência evolutiva, precisa substancialmente estar antenado nas questões que envolvem o combate ao preconceito, ao racismo, a preservação do meio ambiente, as questões regionais e toda forma de opressão política, cultural ou social, bem como a criação de conteúdos que estimulem a paz, a consciência, a educação, de todos os níveis, e a inclusão sociocultural, transmitindo isso evidentemente para suas manifestações artísticas e intelectuais.


Tópico – 7: Objetividade Poética e Artística


Acreditamos em uma poética mais simples e mais ajustada com o atual momento, tendo como aliada desse processo, as questões tecnológicas. Acreditamos no enxugamento das palavras, na objetividade poética e artística, nas pesquisas e modos alternativos de elaboração e disponibilidade entre o condutor e o seu público, considerando, evidentemente, a liberdade e a caracterização individual artística de cada um.


Tópico – 8: Modernidade e aparato tecnológico como forma de universalização cultural


Acreditamos que os e-books, a arte digital-eletrônica e toda forma atual de agregação tecnológica sejam um caminho a ser trilhado para ressurgir a universalização da cultura e da arte.
A evolução significativa das artes visuais, os blogs, os vídeos, os sons, as redes sociais diversas, as novas tendências participativas do processo tecnológico, como, por exemplo, os livros digitais, os dispositivos móveis, os aplicativos vêm conduzindo de forma imponderável o resinificado da literatura e da arte contemporânea. Nesse sentido, acreditamos que seja possível, dentro desse processo atual, criar meios para promover o interesse do leitor e que esse modelo do digital seja o futuro dos livros e da arte como todo.

Tópico – 9: Inclusão Cultural e Artística


Defendemos a inclusão cultural e artística, o incentivo à leitura, a participação de novos poetas e artistas de diferentes segmentos e eventos que conscientizem, despertem e atraiam pessoas para uma causa ou para um bem comum.


Tópico – 10: Redescobrimento e expressividade cultural no Brasil


Acreditamos no redescobrimento do Brasil pela arte; no resgate das culturas identitárias e populares e na efetiva regionalidade, de expressões, baseadas nas tradições culturais, costumes, modos e linguagens, presentes em diferentes pontos desse país “Gigante pela Própria Natureza”.
Incentivamos – para efeito de registro – um laboratório de toda expressão cultural que defina de maneira expressiva toda e qualquer segmentação artística e cultural, seja em pesquisa, manifestação artística ou representatividade. Citamos como exemplo, a literatura de cordel e todo o cenário de pluralidade cultural que o sertão pode oferecer.