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O caso aconteceu em 2016.
Vitor Fernandes, professor do Rio de Janeiro, teve sua orientação sexual questionada por uma aluna em sala de aula. A jovem estava curiosa para saber se ele era gay.
A resposta poderia ser um “sim” ou “não”, mas o professor resolveu ir além e usou a sua página do Facebook para abordar o assunto.
A partir do questionamento inicial da aluna, Vitor Fernandes resolveu estimular os outros estudantes perguntando os motivos que os levavam a questionar a sua orientação sexual — eles também estavam curiosos. Tudo em uma conversa clara, aberta, e sem ofensas.
Dessa forma, o professor agarrou a oportunidade e aproveitou a aula para debater os estereótipos associados ao que é “ser homem heterossexual”.
Foi então que os alunos apontaram alguns comportamentos que acreditam mostrar a orientação sexual de uma pessoa. Imediatamente, o professor foi listando no quadro da sala de aula.
No mês passado, Vitor relatou em sua rede social o ocorrido. A postagem já acumulou 95 mil curtidas. Veja abaixo:
Professor, o senhor é gay?
Já ouvi essa frase algumas vezes. Uma vez por ano ao menos algum aluno pergunta. Na verdade, geralmente alunas. Como já ouvi várias vezes e sempre me intriguei com o porquê da pergunta e, hoje, a pergunta veio de uma aluna de uma turma de 1º ano no meu CIEP, em Inhoaíba, resolvi usar Paulo Freire e partir do concreto para o abstrato.
Parei a aula e mudei o tema para “gênero e sexualidade” (estudávamos antropologia, então é pertinente). Usei a pergunta da aluna e a mim mesmo como exemplo.
Perguntei a ela o que a levou a fazer a pergunta. Qual era o motivo da suspeição da minha homossexualidade? A aluna não quis responder, com medo de uma reação negativa ou até agressiva minha, como é bastante comum na sociedade. Insisti e ela começou a falar. Daí todos os alunos se interessaram muito e começaram a falar também os motivos de suas suspeitas.
Resolvi, para ser didático, anotar no quadro os motivos para debater um a um.
Os motivos, que para eles são características da homossexualidade que eu tenho, foram os seguintes:
– Uma aluna me deu mole e eu não “peguei”.
– Coloco às vezes a mão na cintura
– Gestos e fala característico de homossexual (segundo dois garotos apenas)
– Não fala de relacionamentos, namorada, nem da vida pessoal, o que fez no fim de semana, etc. E outros profs falam…
– Sou professor novo, moderno, simpático. Isso n é característica masculina.
– Tem outros alunos comentam que eu sou gay
– Sou vaidoso, me cuido esteticamente.
– Quando os alunos me perguntaram se eu era gay, não neguei agressivamente, mas debati o assunto. Só no final disse que não era. Não provei que era hétero mostrando fotos minha com alguma namorada, etc
– Não sou machista
– Tenho 30 anos, não casei e não tenho filhos. Todas as pessoas de trinta anos que eles conhecem já casaram e tiveram filhos. Só gays chegam aos 30 sem casar.
– Tenho amigos gays.
Sim, a lista foi longa (rs) e os instiguei a falar tudo.
Não é difícil deduzir que os pressupostos (anotados no quadro tb) dessas falas são:
– Homem que é homem, pega aluna, não rejeita mulher.
– Homem que é homem não coloca a mão na cintura.
– Homem que é homem fala das mulheres que “pega”, “prova” que é homem através de fotos com mulheres.
– Professor hétero não é simpático. Simpatia não é característica masculina.
– Homem que é homem não é vaidoso.
– Homem que é homem nega com veemência a homossexualidade, como se fosse um crime. E é obvio que homem de verdade não debate esses assuntos, muito menos usando a si mesmo como exemplo.
– Homem que é homem é machista.
Obs.: como eu queria as feministas “linha dura” que me acham O escroto machista lá naquela sala pra debater isso com eles. rsrs
– Homem de verdade casa antes dos 30 e tem filhos antes disso.
Talvez você se pergunte o porque eu não neguei com veemência e encerrei o assunto? Por que debati algo pessoal com adolescentes de 15 anos em média?
Primeiro: qual o problema em ser gay? Porque negar isso com veemência? É crime? Imoral? Não. Ser gay ou hétero para mim é como ser flamenguista ou botafoguense. Não tem nada de bom ou ruim em nenhum dos dois.
Segundo: Acho que foi a melhor das oportunidades de debater um assunto tão delicado e proporcionar o acesso à uma outra visão de mundo aos alunos.
Não. Não sou gay rs e fiquei impressionado com a visão estreita de gênero e sexualidade de adolescentes me pleno 2016, tão limitada e machista. E fiquei imaginando a feroz repressão que os homossexuais sofrem no dia-a-dia.
Por outro lado é compreensível os alunos terem essas concepções na cultura onde estão inseridos.
Como assim vc tem 30 anos e não casou se as meninas têm filhos aos 15 às vezes? rs
Como assim vc não pega aluna que te dá mole? Só pode ser viado rs
Eu resolveria facilmente o “problema” mostrando foto com alguma mulher com que fiquei, mas porque eu me preocuparia em provar a heterossexualidade como quem prova a inocência. Por que usaria uma mulher como prova de algo?
Pode parecer engraçado para muita gente ler isso, e pra mim foi. Muito, rs. Mas para eles não. É o que pensam mesmo. Parece anos 1940, mas é 2016…
Imaginem se o projeto “escola sem partido” continua avançando como está. Voltaremos às trevas em pouco tempo.
Precisamos debater gênero e sexualidade nas escolas, mais do que nunca!
O machismo é opressor com os homens também, se liguem nisso!
Obs.: Hoje fui trabalhar com uma camisa rosa. Aí ferrou… rs
*com informações do jornal O Tempo e do site o Pragmatismo Político
Confira a seguir, a postagem original: