Desfecho
Se fecho os olhos
Não consigo falar de poesia
Eis a sagacidade do Brasil 2020
Temas e horrores hasteiam a bandeira
Não do nosso Bandeira, mas do bando de lá
Que massacra o Brasil, seus povos originários
Sem origem das maldades que fazem rios sangrar
Sangues de índias, mulheres, mulatas, negras, pobres, elegebetês…
Tudo isso para quê? Sei lá! Vai nas urnas analisar.
No Nordeste, além de peste, inundaram de óleo o mar
Anestesiada em pesadelo, me olho no espelho
Torno a filosofar: quem dera, fosse Brasil 2015
E eu acordasse de uma vez
Vendo a Democracia caminhar
Aí, meu Deus!
Mas ela em vertigem quase caiu
Derrubando o Brasil que estávamos a embalar
Lá, tudo lá, na casa que devia ser do povo
Servil, civil, bancadas da bíblia, da bala, mas que ele nem pode pisar.
Tenho assistido queimarem livros e até o “pulmão do Brasil” (P.Q.P!)
Sou brasileira nata, não mato a mata
Sou da nata correlata que também querem matar
Não sou de brincadeira, poeta marginal, guerreira
Escrevendo mais um grito universal
Das vozes resistentes a relutar
Neste horizonte que em silêncio ecoa
Ecologicamente insustentável
Dessa política ‘biodesagradável’
Escorrendo nos ralos sem rimar…
Celeste Maria Farias
celestefarias@ymail.com
(Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 08 de fevereiro de 2020)