Arquivo mensal 13 de novembro de 2020

Entrevista – Dez perguntas para um candidato a vereador em Condeúba

As eleições municipais vêm chegando e, com isso, surge a necessidade de conhecer as propostas dos candidatos a vereador no município de Condeúba.

Apesar do pouco tempo que falta para as eleições deste ano, abrimos um diálogo com os representantes a cargo eletivo do referido município. E nossa primeira abordagem vai ser com o candidato Antônio Santana.

Professor, poeta, escritor, Antônio da Cruz Santana nasceu na cidade de Saubara, na Região do Recôncavo Baiano, em 9 de abril de 1971. Em 2005, mudou-se para

Condeúba/BA, onde graduou-se em Pedagogia pela Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER. Nessa mesma cidade, fez pós-graduação em Gestão do Trabalho Pedagógico: supervisão e orientação escolar – EAD Lato Sensu e lecionou as disciplinas de História e Geografia no Ensino Regular e no Projeto – EJA (Educação de Jovens e Adultos), na Escola Estadual Tranquilino Leovigildo Torres. Nas eleições municipais de 2004, concorreu pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão) ao cargo de vereador do município de Saubara/BA. Em 2008, também pelo PTC, concorreu ao mesmo cargo no município de Condeúba/BA. Cursou Teologia pela Diocese de Caetité/BA.

Participou do XXII Curso de Verão promovido pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) – PUC-SP, em janeiro de 2009, e do XXIII, em 2010. Lecionou Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Colégio Estadual de Condeúba, curso Ensino Médio, no período de 2010 a 2013. Exerceu a função de Vice-diretor na escola Municipal Eleutério Tavares, nos anos de 2013 e 2014. Participou, em 2015, do curso de

Capacitação para auxiliares das bibliotecas públicas da Bahia, realizado pelo Instituto Anísio Teixeira ISEC-BA; É membro-conselheiro do Conselho Municipal de Saúde de Condeúba-Ba e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Condeúba (BA). Suas poesias “Amor do Sertão” e “Condeúba Terra Boa” rendeu-lhe homenagem da Câmara Municipal de Vereadores de Condeúba/BA, em votação plenária do dia 16 de maio de 2007, com a Moção de Congratulação.

Antes de iniciarmos a entrevista, gostaríamos de deixar aberta também a possibilidade (convite) para outros candidatos ao cargo de Vereador poderem também se manifestar e responderem as mesmas perguntas direcionadas ao Candidato Antônio Santana. As perguntas foram retiradas com bases em outras entrevistas e de debates pertinentes às demandas políticas locais.

 

Perguntas:

1. Candidato, por que o senhor quer ser vereador?

R: Quero ser vereador para me comprometer em cumprir o papel do vereador de fato de legislador, de fiscalizador do Poder Executivo e propor projetos de lei que não onerem os cofres públicos do Município de Condeúba.

2 .  Qual será realmente a sua área de atuação? A quem o senhor representará de fato na política de Condeúba?

R: Pretendo, se eleito for, atuar nas áreas de Educação e de Cultura do Município. Agora, vou priorizar duas categorias que normalmente andam esquecidas que são: os adolescentes e os jovens com relação às políticas públicas como arte, cultura, desporto e lazer.

3. O senhor já tem um Projeto de Lei para apresentar nos primeiros dias de mandato? 

R: Um projeto pronto não. Eu tenho um esboço de um Projeto Musical Cantando na Praça, com o objetivo de valorizar os artistas do nosso município, e ao mesmo tempo, promover renda para pessoas do ramo comercial, bem como alegrar as nossas tardes e noites de sábado e domingo da cidade e também da zona rural.

4. O senhor faz campanha com dinheiro público, recursos próprios ou doação de pessoas físicas? Quanto deverá custar a sua campanha?

R: Estou fazendo esta campanha com muita dificuldade justamente por falta de dinheiro. Investir inicialmente R $ 200,00, e posteriormente recebi do Fundo Partidário pelo PSOL por meio de propaganda de santinhos. Sem veículo e sem condições financeiras, fiz grande parte da minha campanha caminhando pelas ruas e casas do centro da cidade pedindo votos.

5. O que o senhor pensa sobre a questão do meio ambiente para a cidade de Condeúba? Tem alguma proposta nesse sentido?

R: Penso que devemos cuidar das nossas matas, dos nossos rios, açudes e lagos para preservá-los e conservá-los como parte importante da natureza e para a sustentabilidade de gerações futuras de Condeúba.

PROPOSTA:
Criação de um Projeto de Lei Municipal de arborização e reflorestamento de todo o território municipal, aonde houver locais de desmatamento de matas e florestas devastadas pela ação humana.

6. O que Condeúba tem de melhor? E o que ainda falta melhorar, na opinião do senhor?

R – Condeúba tem de melhor: a hospitalidade e o acolhimento do seu povo. Falta melhorar em muitos aspectos, mas em especial a forma de Pensar e de Fazer POLÍTICA. Aqui, infelizmente, ainda se pratica um Sistema Político Oligárquico de perseguir, excluir e marcar pessoas quando se posicionam contrárias as ideologias do Gestor Municipal.

7. Sabemos que na questão cultural, Condeúba sempre foi uma cidade atrativa, com um produto artístico muito diversificado, com pessoas e artes a serem exploradas, porém, como a maioria das cidades pequenas, a cultura nunca foi o foco principal de motivação política. Como o senhor enxerga essa questão?

R: Sabemos que todo gestor público têm as suas prioridades, é claro que a cultura, não somente em Condeúba, como também em nível de Brasil, não se dá o merecido valor. Agora, espero, se eleito for, lutar por investimentos das políticas públicas, acima relacionados não por um favor do prefeito municipal, mas por um direito constitucional na aplicabilidade dos recursos destinados à cultura.

8. Qual a sua visão sobre a áreas sensíveis e de fundamental importância como a saúde, educação, infraestrutura? Por exemplo, é uma vergonha uma cidade como Condeúba em pleno século vinte um, ainda não ter uma rodoviária. Um lugar apropriado para embarque e desembarque, sujeitando-se às pequenas agências, onde pessoas e objetos se aglomeram em lugares inapropriados, sujeitos a todos os tipos de riscos e desconforto. O senhor pretende apresentar propostas nesse sentido? Ou até mesmo abrir audiências públicas para se buscar a viabilidade de propostas como essas?

R: Acredito que esta é uma questão de extrema necessidade para os usuários do transporte público de Condeúba. Irei me empenhar e lutar para que o mais breve possível a prefeitura possa construir esta rodoviária. Penso até mesmo que se dispensa audiência pública pela urgência, é claro que eu não sou contrário à convocação da mesma.

9. Candidato, diferente da politicagem que é a parte podre, onde as pessoas usam da política em benefício próprio ou de outrem. As pessoas, principalmente os jovens, precisam se inteirar da pratica saudável de fazer política, a começar que esta, nada mais é, do que o ato de escolher, exercer, cobrar, pensar. Porque se deixarmos o barco correr, pessoas oportunistas, ultrapassadas, politiqueiras sempre farão partes desse cenário e as coisas continuarão sempre do mesmo jeito. Qual a sua visão sobre a participação política em uma cidade como Condeúba?

R: Para mim, é sempre um desafio muito grande participar de um pleito eleitoral, por vários motivos:
O primeiro motivo é o financeiro, que infelizmente ainda dita a regra suja do jogo da troca e da compra de votos.
O segundo motivo é talvez o pior que é a falta de politização do nosso Povo que ainda define o VOTO não como um direito democrático, mas sim como um pagamento de favores intermináveis a determinado candidato (a) a vereador ( a) que infelizmente acontece em todo o município de Condeúba, inclusive no pensamento de alguns jovens que ainda acompanham a orientação política de seus pais.

10. Para concluirmos gostaria de perguntar qual a função de um vereador?

R: De acordo com a Lei Orgânica Municipal ( Promulgada em 1 de novembro de um 2018), no Art. 25.Cabe à Câmara Municipal, com sanção do prefeito, dispor sobre todas as matérias da competência do Município, especialmente sobre:

IX. Julgar anualmente as contas do prefeito e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

XI. Fiscalizar e controlar, diretamente os atos do Poder Executivo, incluídos os de administração indireta;

XIII. Apreciar os atos de concessão ou permissão de serviços de transportes coletivos; dentre outras atribuições do ( a) vereador ( a).

PROPOSTAS:

Na Educação, lutar por uma remuneração digna para todos os professores e demais profissionais da educação do município;

Na Saúde, lutar sempre pela melhoria do atendimento médico, hospitalar e sanitário da população condeubense;

Na Cultura, reivindicações através de requerimentos ao Poder Executivo para a construção de um Centro Cultural com o objetivo de concentrar todos os pequenos e médios eventos de arte, dança e música, bem como a construção de um Ginásio de Esportes para uma prática esportiva com liberdade, conforto e segurança para atletas e profissionais da área.

 

Deixe aqui suas propostas e mensagem final.

 

R – A mensagem que eu deixo é de as eleições ocorram na maior transparência possível. Que o povo não só faça como promova justiça nas urnas eletrônicas no próximo domingo, 15 de novembro de 2020. Espero que saíamos vencedores, Ângela Cruz para Prefeita número 40, e o Professor SANTANA, vereador número 50888.
Muito obrigado, Leandro Flores pela oportunidade de ser entrevistado.

 

Nós que agradecemos, cadidato! E desejamos boa sorte! 

Mais uma vez, ressaltamos que o espaço, neste blog, está aberto também para outros candidatos a vereadores (no Município de Condeúba, nas eleições de 2020) que queiram se manifestar e apresentar suas propostas, seguindo a mesma dinâmica de perguntas oferecidas para esta entrevista.

O DIA EM QUE VAIARAM A VITÓRIA DE CHICO BUARQUE: A MÚSICA DE RESISTÊNCIA DE VANDRÉ E O FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO

O Maracanãzinho é preenchido de palmas. “Olha, sabe o que eu acho? Eu acho uma coisa só a mais: Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Holanda merecem o nosso respeito! – o público vai à loucura, as palmas se intensificam – A nossa função é fazer canções… a função de julgar, nesse instante, é do júri que ali está – as palmas se convertem à uma onda de vaias direcionadas ao júri – Por favor… – tentando conter as vaias e continuar – Tem mais uma coisa só: pra vocês que continuam pensando que me apoiam vaiando – começam os gritos “É marmelada! É marmelada!” – Gente! Gente, por favor! Olha, tem uma coisa só: A vida não se resume em festivais!“.

GERALDO VANDRÉ FESTIVAL 1967 CENSURA PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES CAFÉ COM POEMAS

Geraldo Vandré no Festival (Reprodução)

É assim que começa a apresentação final de Geraldo Vandré que, com apenas dois acordes, levanta o estádio com seu sucesso “Pra não dizer que não falei das flores”, famoso pelo apelido “Caminhando e Cantando”, ou a “marsellesa brasileira”. Neste momento, Vandré entrou para a História da Música Brasileira.

O momento em questão é o famoso Festival Internacional da Canção de 1968, realizado no Rio de Janeiro, como de costume, premiando as melhores canções da Música Popular Brasileira. Geraldo Vandré e Chico Buarque já eram conhecidos nesses eventos. Vandré se tornou famoso por um desses festivais, em 1966, quando enviou sua música Disparada, na voz de Jair Rodrigues. Chico era a personalidade do momento.

Em 1968, foram para a final duas músicas desses autores: Chico Buarque, associado com Tom Jobim, considerado o melhor músico na época, traz Sabiá, música  apresentada por Cynara e Cybele e que faz alusão à Canção do Exílio de Gonçalves Dias e fala da terra-arrasada e do exílio na ditadura, mas de maneira branda; enquanto isso, Vandré traz sua poesia musicada “Caminhando e Cantando“, que escreveu em um encontro com Hermeto Pascoal, numa clara convocação do povo contra as autoridades que querem mandar e, por isso, contra a ditadura.

Buarque, Jobim, Cynara e Cybele

Buarque, Jobim, Cynara e Cybele (reprodução)

Durante o Festival, ficou claro que a música de Vandré era a favorita. As universidades, as fábricas e as ruas cantavam sua letra e a declaravam hino de sua resistência, marcada pela resistência e pela poesia. Vandré, cada vez mais, era visto como principal artista subversivo pelo regime.

Uma das estrofes de sua música foi lida como afronta direta ao governo (e os grupos de poder que o formava): “Há soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos, de armas na mão. Nos quartéis lhes ensinam a antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão”. A música de Vandré começa a ser associada à luta pela resistência pela maior parte da sociedade, por mais que Vandré diga que a interpretação dela, por mais que não esteja errada, não é tão simples assim.

No dia 29 de setembro daquele ano, foi consagrada a final do FIC. Porém, antes da conclusão final do júri, dois militares ligados ao policiamento político intervêm na discussão e coloca de maneira clara que Geraldo Vandré não poderia vencer o Festival com aquela música subversiva e claramente política. O clima na época era tenso, às vésperas do decreto que impõe o AI5, e o júri se submeteu à vontade dos interventores.

Na hora de declarar o vencedor da final, o clima era de animação e euforia. Quando o júri declara vencedora a Sabiá de Buarque e Jobim, o estádio volta a se encher de gritos de indignação e confusão. Imediatamente, o público começa a vaiar o júri, Chico, Tom e os policias presentes no recinto. Vandré, já entendido da situação, caminha até o palco, senta no banco, ajeita o microfone e bota o violão no colo. Ele não via sentido nas vaias, declarava que sua música não falava de política, mas sim de amor. Afinal, política se fazia com as mãos, não com a voz.

Geraldo hoje, após renegar seu legado como "Vandré" e Joan Baez (Reprodução) café com poemas

Geraldo hoje, após renegar seu legado como “Vandré” e Joan Baez (Reprodução)

Após acalmar o público com o discurso que marcou a história dos festivais de música, Vandré começa a cantarolar a introdução de sua mais famosa música. As vaias desorganizadas logo se tornam um coro que acompanha a melódica voz do paraibano, que começava “Caminhando e Cantando e seguindo a canção….

Meses depois, o AI5 é decretado. Vandré, contra a própria vontade, sai do Brasil pelo Uruguai e só voltará em 1973, completamente abalado pelo afastamento do país ao qual era tão apegado. Sua música, mais do que o próprio homem, ainda é lembrada pelas pessoas nas ruas. Sua melodia, simples e arquitetada, ainda faz parte do imaginário brasileiro quando se trata de canções de resistência e MPB. E, até hoje, seu ensinamento se faz presente: a vida não se resume em festivais.

Ouça o áudio desse dia marcante:

Fonte: AVENTURAS NA HISTÓRIA