Arquivo diário 3 de julho de 2022

É verdade que o celular pode ouvir o que falamos?

Você já recebeu recomendações para coisas das quais comentou em uma conversa? Descubra se o celular pode ouvir o que falamos!

É possível que alguma vez você tenha se perguntado se o celular pode ouvir o que falamos. Afinal, já deve ter acontecido de receber a indicação de um produto ou serviço relacionado a algo que tenha comentado com alguém. Por esse motivo, muitos dos que afirmam estarem sendo gravados pelos smartphones defendem uma história: os conteúdos armazenados pelos aparelhos são categorizados e utilizados para o direcionamento de anúncios nos aplicativos e redes sociais. Mas será que isso é real?

De acordo com Walker Garcia, Analista de Segurança da Scunna CDC – empresa focada em segurança da informação –, a resposta é sim. Porém, em termos bem diferentes da maneira que imaginamos.

“Atualmente, não há comprovação de que nossos smartphones nos escutam para nos direcionar propaganda, por exemplo. Apesar de muito óbvio e assustador, não há provas concretas, apenas fortes indícios e teorias”, diz o especialista.

Por exemplo, em 2016, o Google se viu em meio a uma polêmica envolvendo a privacidade de seus usuários. Conversas privadas gravadas por smartphones durante o acionamento acidental do assistente de voz foram compartilhadas ilegalmente.

À época, a gigante da tecnologia admitiu que não só sua assistente pessoal, como também alguns dos seus funcionários ouviram gravações de usuários que disseram “Ok, Google”, expressão utilizada para ativar o recurso. Essa possibilidade, inclusive, está descrita na política de privacidade do Google.

Assim, o documento diz que “ocasionalmente, o Assistente será ativado quando você não pretendia, porque detectou incorretamente que você queria sua ajuda (como por um ruído que parece “Ei, Google”). Se isso acontecer, basta dizer Oi, Google, não era para você, e o Assistente excluirá o último item enviado ao Google”.

Permissões ou invasão de privacidade? 

Diariamente, usuários de aplicativos concedem permissões de acesso a lista de contatos, microfone, câmera e configurações do sistema, sem pestanejar.

“O usuário pode permitir o acesso ao seu microfone ao instalar um aplicativo, dando permissões as quais o aplicativo não necessita para o seu funcionamento. Isso é muito comum. Mas o Google, especificamente, possui gravações de usuários que podem ser acessadas pelo próprio usuário em seu histórico de atividades”, alerta Walker.

Nesse cenário, o histórico de navegação, os dados de localização e o rastreamento de pixels nas telas fornecem informações. De fato, todas são suficientes para prever intenções de compras e dar a sensação que o celular pode ouvir o que falamos.

Mas existe outra estratégia pouco comentada, porém bastante utilizada por empresas de publicidade e marketing. Trata-se da investigação de conexões nas redes sociais para a previsão de interesses, também com base nas buscas de amigos próximos.

Porém, vale ressaltar que falhas de segurança nas plataformas também podem resultar em conteúdos coletados sem autorização. Além disso, agências governamentais com ferramentas sofisticadas de vigilância podem se aproveitar de possíveis brechas. É preciso estar atento à sua privacidade e direitos!

 

Lei Geral de Proteção de Dados

Com toda a certeza, nos últimos anos houve um grande progresso no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais. Com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil, o uso das informações dos usuários por empresas foi regulamentado.

Agora ,é necessária a autorização do usuário e transparência por parte das organizações sobre o uso desses dados, cabendo sanções em caso de utilização indevida.

“Se o usuário estiver de acordo com a captura e utilização de seus dados, não há motivos para discordar. Mas acredito que o grande problema envolvido é a forma misteriosa como isso é feito, se é feito e por qual motivo”, comenta Walker.

 

O outro lado da história 

Um grupo de especialistas em ciência da computação da Universidade de Northeastern e da Universidade de Boston, localizadas nos Estados Unidos, testou os 17 mil aplicativos mais populares para Android, dentre eles Facebook, Instagram e WhatsApp. O objetivo era esclarecer, de uma vez por todas, se o celular pode ouvir o que falamos.

Durante um ano, os pesquisadores utilizaram dez smartphones com programas de automatização de interações humanas, reproduzindo conversas sobre preferências de consumo para que os microfones dos aparelhos as captassem.

Porém, ao fim da pesquisa, não houve qualquer evidência de que esses aplicativos gravavam e replicavam esses áudios secretamente. Para a surpresa dos usuários mais desconfiados da tecnologia.

 

Ainda em dúvida se o celular pode ouvir o que falamos? Desative o recurso! 

O especialista em Segurança também pontua a necessidade de atenção aos termos de uso.

“O usuário preocupado com sua privacidade deve estar atento aos termos de uso. Pois quando um serviço é gratuito, o preço por ele geralmente são os dados”, afirma.

Na página da central de privacidade do Google é possível conferir o histórico das vezes em que o seu smartphone armazenou a sua fala. Acessando esta página você consegue desativar ou ativar a gravação de áudios através do seu smartphone.

No caso do iPhone – considerado o celular mais vendido no mundo em 2021 – não é possível acessar e ouvir os comandos de voz gravados. Porém, desativar a Siri e outros recursos do iOS que podem acessar o microfone do seu celular apaga todos os áudios arquivados com a empresa. Se você se arrepender, também pode voltar atrás a qualquer momento.

Na seção de ajustes do seu iPhone, acesse a configuração Siri e Busca. Em seguida, desative as opções “Ouvir E aí, Siri” e “Pressionar botão lateral para Siri”. Depois, volte à tela principal do aplicativo, clique em “Ajustes” e vá até “Geral > Teclado”. Desative a opção “Ativar ditado”, se ela estiver ativada.

Contudo, o especialista reafirma a necessidade de estar atento às permissões concedidas nos aplicativos.

“Como forma de atenção, sugiro revisar as permissões de aplicativos. Por exemplo, a calculadora não precisa de acesso ao microfone, ao GPS ou aos seus arquivos. É algo comum concordar com muitas permissões para aplicativos simples como esses”, conclui o analista.

 

Fonte do texto na Integra: Fundação Telefonica Vivo

 

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