Vivemos em uma era onde as fronteiras entre o certo e o errado parecem cada vez mais tênues. O relativismo moral, conceito que sugere que as normas e valores são mutáveis e dependentes do contexto social, cultural e individual, tomou conta da sociedade contemporânea. Como resultado, o que antes era considerado imoral ou antiético agora é, em muitos casos, celebrado ou simplesmente tolerado. A hipocrisia coletiva surge nesse cenário, onde condenamos certas atitudes, como o racismo, a homofobia e o machismo, enquanto simultaneamente aceitamos ou até incentivamos comportamentos igualmente prejudiciais.
O Paradoxo da Exposição e Hipersexualização
Um exemplo gritante dessa contradição é a maneira como a sociedade trata a imagem e o papel da mulher. Por um lado, há um discurso forte contra o machismo e a objetificação feminina. No entanto, a exposição exagerada da mulher em mídias, onde o corpo feminino é constantemente sexualizado, é frequentemente aplaudida como um sinal de liberdade e empoderamento. Essa hipersexualização não só reduz a mulher a um objeto de desejo, mas também influencia a forma como as crianças percebem seu próprio corpo e sexualidade, antecipando fases e comportamentos que deveriam ser preservados para a maturidade.
A Falta de Disciplina e a Educação Centrada no Aluno
Outro aspecto do relativismo moral que merece atenção é a transformação do ambiente escolar. As escolas, que outrora eram lugares de rigor, disciplina e transmissão de valores cívicos, agora se tornaram centros onde o foco é quase exclusivamente nas vontades e direitos dos alunos. A disciplina e os deveres são frequentemente relegados ao segundo plano, criando uma geração que, muitas vezes, não compreende os limites e a importância de respeitar regras e autoridades. As disciplinas de ética, moral e cívica, que formavam a base para a construção do caráter e da cidadania, foram gradualmente eliminadas ou suavizadas, deixando um vácuo que dificilmente será preenchido.
A Cultura do Crime e a Banalização do Sexo na Mídia
As produções culturais, como músicas, novelas, filmes e séries, desempenham um papel crucial na formação de valores. No entanto, grande parte desse conteúdo tem promovido a criminalidade, a banalização do sexo e a infidelidade como comportamentos aceitáveis, ou até mesmo desejáveis. A linha entre o entretenimento e a apologia a atos imorais é frequentemente cruzada, normalizando atitudes que, em outras circunstâncias, seriam duramente criticadas.
Conclusão: A Urgência de um Reexame Moral
Diante dessa realidade, é essencial que a sociedade reflita sobre o caminho que está trilhando. Se por um lado, o combate a injustiças como o racismo, a homofobia e o machismo é uma vitória incontestável, por outro, não podemos ignorar as contradições que surgem ao aceitarmos outros comportamentos igualmente danosos. O relativismo moral não pode ser a desculpa para a deterioração dos valores fundamentais que sustentam uma sociedade justa e equilibrada. É necessário um reexame profundo de nossas atitudes, buscando uma coerência entre o que condenamos e o que permitimos, para que possamos construir um futuro onde o certo seja verdadeiramente certo, e o errado seja, sem exceções, combatido.
Veja o vídeo:
Leandro Flores
Advogado, Jornalista, Sertanista, Poeta, Editor de Livros e Revistas e Designer Gráfico. Leandro é autor dos livros “Sorriso de Pedra – A outra face de um Poeta” e “Portfólio: Traços e Conceitos”.
É membro-fundador da Academia de Letras do Sertão Cultivista, membro da CAPPAZ – Confraria Artistas e Poetas pela Paz, além de outras instituições Acadêmicas pelo país. Também é Coordenador e Idealizador do Movimento Cultivista Brasileiro e do Projeto Cartas e Depoimentos. Já fez participações em dezenas de antologias poéticas, além de ORGANIZAR e AUXILIAR outras publicações. Leia mais…
Sobre o Autor