Quem conhece Condeúba sabe: ali, no coração do sertão baiano, pulsa uma das tradições culinárias mais queridas do Nordeste — o biscoito.
Da xiringa ao chimango (o nosso “pão de queijo condeubense”), do assado ao cozido, do formato de palito ao anelzinho: o biscoito faz parte da identidade cultural dessa terra acolhedora.
E foi justamente essa paixão que o poeta, jornalista e ativista cultural Leandro Flores traduziu em poesia.
Em forma de cordel, ele homenageia a cidade que, ao lado de Vitória da Conquista, é conhecida como a Capital do Biscoito — e faz isso com a força das palavras e o sabor da memória afetiva.
Na feira de sexta, é inevitável: balaio na calçada, aroma de café coado na hora, e uma variedade que encanta moradores e visitantes. Cada fornada conta uma história de trabalho, tradição e resistência do povo condeubense.
O cordel de Leandro Flores celebra isso:
A culinária como patrimônio do sertão, o alimento como poesia, o biscoito como marca de quem somos.
Uma receita de orgulho, simplicidade e raízes.
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Assista ao vídeo do cordel no canal do poeta
👉 (inserir link do vídeo aqui)
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Confira abaixo o cordel na íntegra:
CONDEÚBA, TERRA DO BISCOITO
Por Leandro Flores
Condeúba é conhecida,
em toda a região,
como a terra do biscoito,
feito com fé e tradição.
Ao lado de Conquista,
cidade do interior,
duas filhas da mesma terra,
símbolo de trabalho e valor.
Da mandioca em terra seca,
nasce o pão do trabalhador,
que alimenta a mesa farta,
recheada de puro sabor.
É tradição que move a história,
e adoça o paladar,
gera renda, traz sustento,
pra quem se dispõe a trabalhar.
Do vendedor na rua,
à barraca no pavilhão,
o biscoito cruzou fronteiras,
sem perder a tradição.
Hoje é marca condeubense,
razão de satisfação,
que espalha renda e orgulho
por toda a região.
De janeiro a janeiro,
a produção não pode parar,
lá vêm os festejos de junho
e o fim do ano pra animar.
Chegam logo os são-pauleiros,
com saudades e com dinheiro,
levam biscoito e lembrançinha,
pra comer o mês inteiro.
Tem xiringa e tem palito,
cozido, assado e pão de queijo,
aqui o povo chama chimango,
feito no modo sertanejo.
Igual o biscoito de polvilho,
que em outros cantos é avoador,
cada terra tem seu nome,
aqui se diz xiringa, orgulho do interior.
Na sexta tem feira boa,
com cheiro de pastel frito,
café torrado na hora,
biscoito, casadinho e palito.
Tem balaio na calçada,
prateleira de farinha,
trempe quente e fogão a lenha,
e aquele sabor gostoso
que vem da cozinha.
Tem biscoito de tapioca,
de manteiga e de fubá,
de queijo, crocante e macio,
feito pra gente degustar.
Tem redondo, anelzinho e bolinha,
comprido, torrado pra provar,
de sabor pra todo gosto,
e café coado na hora pra acompanhar.
É sabor que faz história,
gera emprego e união,
sustenta mesa e a memória,
desse povo do meu sertão.
Condeúba é terra mãe,
da fartura e do sabor,
cidade boa e acolhedora,
de um povo trabalhador.
E quem prova das suas delícias,
nunca mais esquece o gosto,
porque nelas tem a vida,
a lembrança e o rosto.
De um povo simples, feliz,
orgulhoso do que é seu,
que aprendeu a ser feliz,
com o pouco que a vida lhe deu.






























