No dia 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma data marcada por reflexões sobre a trajetória das mulheres na sociedade e suas conquistas ao longo da história. Originada no movimento operário no início do século XX, a data ganhou significado global, reforçando a importância da igualdade de gênero e reconhecimento dos direitos das mulheres.
Contextualizando a História:
O Dia Internacional da Mulher remete ao incêndio ocorrido em 1911 na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova Iorque, onde muitas mulheres perderam a vida. Esse trágico evento impulsionou a luta por melhores condições de trabalho e direitos femininos. Ao longo dos anos, a data evoluiu para abraçar causas mais amplas, destacando a resistência, determinação e contribuições das mulheres em diversos campos.
A Importância da Celebração:
Esta data não apenas homenageia as conquistas, mas também destaca desafios contínuos enfrentados por mulheres em todo o mundo. Reconhecer e apoiar a igualdade de gênero é crucial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Sendo uma das datas mais bonitas e significativas do ano, o natal se torna um momento de comemoração e confraternização com desejos e sentimentos entre amigos e familiares.
É um momento especial de amor e compaixão ao próximo, onde as pessoas vivenciam o verdadeiro sentido do nascimento de Cristo Jesus.
Sendo assim, selecionamos alguns poemas de Natal, escritos por difedrentes escritores que realmente inspiram e enchem os nossos corações de amor e esperança. Aproveite essa oportunidade para estar perto de quem ama, declarar o seu amor a elas, compartilhando ou recitando para os seus.
Cordel de Natal, de Bráulio Bessa
Que você, nesse Natal,
entenda o real sentido
da data em que veio ao mundo
um homem bom, destemido
e que o dono da festa
não possa ser esquecido.
Vindo lá do Polo Norte
num trenó cheio de luz
Papai Noel é lembrado
muito mais do que Jesus.
Ô balança incoerente
onde um saco de presente
pesa mais que uma cruz.
Sei que dar presente é bom
mas bom mesmo é ser presente
ser amigo, ser parceiro
ser o abraço mais quente
permitir que nossos olhos
não enxerguem só a gente.
Que você, nesse momento,
faça uma reflexão
independente de crença,
de fé, de religião
pratique o bem sem parar
pois não adianta orar
se não existe ação.
Alimente um faminto
que vive no meio da rua,
agasalhe um indigente
coberto só pela lua,
sua parte é ajudar
e o mundo pode mudar
cada um fazendo a sua.
Abrace um desconhecido,
perdoe quem lhe feriu,
se esforce pra reerguer
um amigo que caiu
e tente dar esperança
pra alguém que desistiu.
Convença quem está triste
que vale a pena sorrir,
aconselhe quem parou
que ainda dá pra seguir,
e pr’aquele que errou
dá tempo de corrigir.
Faça o bem por qualquer um
sem perguntar o porquê,
parece fora de moda
soa meio que clichê,
mas quando se ajuda alguém
o ajudado é você.
Que você possa ser bom
começando de janeiro
e que esse sentimento
seja firme e verdadeiro.
Que você viva o Natal
todo ano, o ano inteiro.
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Mensagem de natal em Cordel, Leandro Flores
Que este momento de natal
lhe sirva pra fazer refletir
o verdadeiro sentido da vida
que é de fato existir
Existir para poder contribuir
com um mundo melhor…
existir para a sua família…
para os seus amigos….
não apenas nesta época…
mas em todo momento
que eles precisarem de um abrigo…
Que o momento também
lhe sirva para reparar no outro
não de uma forma clichê
mas no sentido real da palavra “natal”
ou que pelo menos como deveria ser…
não importa
o que lhe ensinaram desde pequeno
Papai Noel é só um símbolo
o verdadeiro sentido é o NAZARENO…
esqueça a hipocrisia comercial
o jogo de interesses
as falsas lembranças
que só aparecem agora no natal…
não se esqueça também
de comemorar, de se entregar
de viver o momento com leveza e dedicação
Esse papai Noel pode ser ilusão
mas o verdadeiro sentido do natal
é o amor, o reencontro, a união!
Gratidão por existir
e contribuir com minha inspiração
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Poesia de Natal, de Cora Coralina
Enfeite a árvore de sua vida
com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração laços de cetim rosa,
amarelo, azul, carmim,
Decore seu olhar com luzes brilhantes
estendendo as cores em seu semblante
Em sua lista de presentes
em cada caixinha embrulhe
um pedacinho de amor,
carinho,
ternura,
reconciliação,
perdão!
Tem presente de montão
no estoque do nosso coração
e não custa um tostão!
A hora é agora!
Enfeite seu interior!
Sejas diferente!
Sejas reluzente!
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Natal… na provincia neva, de Fernando Pessoa
Natal… Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
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História Antiga, de Miguel Torga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças
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Poema de Natal, de Vinícius de Moraes
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
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Canto de Natal, de Manuel Bandeira
O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.
Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.
Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.
Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.
Aos que estão felizes nesse momento, aos que já foram felizes, aos que terminaram, mas ainda querem voltar. Aos que se conheceram há pouco tempo, mas que se amam como velhos namorados. Aos solteiros, que sofrem silenciosamente, aos que ainda não perderam a esperança de encontrar um alguém, aos que sonham com a felicidade. Aos que lutam por ela. Felicidade também para os casados que não permitiram que a rotina, que as dificuldades da convivência pudessem alterar o amor que sentiam antes. Que mantêm a chama do amor desde o primeiro dia que se conheceram.
Enfim, parabéns a toda humanidade que precisa mais fazer amor, ter amor, construir amor.
Confira alguns poemas que se encaixam perfeitamente (nos braços e abraços) daqueles que se amam:
Pensando em Você
Quando penso em você me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu… Tento apenas superar a imensa saudade que me arrasa o coração, mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser. Lembrando dos momentos em que juntos nosso amor se conjugava em uma só pessoa, nós… É através desse tal sentimento, a saudade, que sobrevivo quando estou longe de você. Ela é o alimento do amor que encontra-se distante… A delicadeza de tuas palavras contrasta com a imensidão do teu sentimento. Meu ciúme se abranda com tuas juras e promessas de amor eterno. A longa distância apenas serve para unir o nosso amor. A saudade serve para me dar a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos… E nesse momento de saudade, quando penso em você, quando tudo está machucando o meu coração e acho que não tenho mais forças para continuar; eis que surge tua doce presença, com o esplendor de um anjo; e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante… Tudo isso acontece porque amo e penso em você…
Bilhete Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda…
Mario Quintana , Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 2005. p. 474.
Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco anos, eu sempre me apaixonei por você.
Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra tomar um café de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra poder te apresentar ao sol sem receber mensagens de gente louca ou olhares curiosos, pra escutar uma piada nova.
E você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta fedendo a churrasco.
Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim.
Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro.
Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.
Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada.
Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns cinco ou seis anos, você vai me ligar.
Querendo pegar aquele cineminha, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor.
Me querendo no escuro. E eu vou topar.
Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer.
Apenas porque você me lembra o mistério da vida.
Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.
Tô com vontade de uma coisa que eu não sei o que é: Contos e crônicas
O Dia Mundial do Café é comemorado anualmente em 14 de abril.
A data homenageia uma das bebidas mais adoradas do mundo: o café! Seja ele carioca, pingado, cappuchino, americano ou expresso, o café é uma paixão mundial, sem dúvidas.
De acordo com o Sumário Executivo – Café, de setembro de 2021, documento da responsabilidade do Ministério da Agricultura Pecuária e Estabelecimento, o Brasil é considerado o maior produtor e exportador de café do mundo, seguido do Vietnã e da Colômbia. Que tal um Café com Poemas? Existe uma sintonia muito grande entre o café e a cultura de nossa sociedade. Café é um item praticamente indispensável para qualquer cidadão brasileiro, seja ele rico, pobre ou classe média. Café remete à inspiração, à degustação, à sofisticação, a sabores e também prazeres. É um elemento que combina com tudo, inclusive com livros, cultura e poemas. Portanto, Café com Poemas traz o equilíbrio perfeito entre a efervescência do café com a sutileza do poema. Café é a fonte de toda a nossa inspiração. Está presente em nossa marca, os nossos projetos, os nossos poemas e, principalmente, no nosso dia a dia.
BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967, p.281-282.
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Rotina noturna Uma poltrona um café um livro um cigarro o som de Elis, as lembranças de um amor as saudades de outros… a vontade de ouvir aquelas vozes nem que seja por um instante, buscando fantasmas no escuro buscando a imagem de um passado. Muda a música o pensamento viaja, vai em busca daquela… daquela que de longe fica perto perto no peito. Vem na memória as risadas, marcadas por um sorriso ecantador. Nesse momento descubro que palavras são poucas noites são curtas que a vida de tão grande fica pequena, para tantas vontades tantos sonhos contruídos. E principalmente para que estes se realizem
O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (…) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
Reprodução: Pensador.com
Calendarr. Acesso em: 14 de abril de 2022. <https://www.calendarr.com/brasil/dia-mundial-do-cafe/>
Trabalho realizado com os professores: Érica Dourado, Célia Lopes, Joelson e Alysson da Escola Municipal Zenália Dourado Lopes (Lapão-Bahia), sobre Consciência Negra.
O Dia do Nordestino é comemorado anualmente em 8 de outubro, no Brasil.
Esta data homenageia a cultura nordestina e a diversidade folclórica típica da região Nordeste do Brasil. O povo nordestino é um grande tesouro da cultura nacional, um dos maiores traços da identidade do Brasil.
O Nordeste brasileiro é conhecido pelas belíssimas paisagens naturais, culinária, artesanatos, musicalidade e danças que atraem turistas do mundo todo.
Os 9 estados que compõem o Nordeste são: Maranhão, Alagoas, Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A criação desta data é uma homenagem ao centenário do poeta popular, compositor e cantor cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré (1909 – 2002).
O Dia do Nordestino foi oficializado com a lei nº 14.952, de 13 de julho de 2009, na cidade de São Paulo, região com a maior concentração de nordestino em todo o país (com exceção do próprio Nordeste, obviamente).
Para homenagear essa data tão importante, trouxemos 13 poemas de diferentes poetas nordestinos (clássicos e contemporâneaos) que irão traduzir um pouco a representatividade desse povo tão especial na cultura brasileira e para o mundo.
Confira:
Brisa
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixaras aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Sou o gibão do vaqueiro, sou cuscuz sou rapadura
Sou vida difícil e dura
Sou nordeste brasileiro
Sou cantador violeiro, sou alegria ao chover
Sou doutor sem saber ler, sou rico sem ser granfino
Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser
Da minha cabeça chata, do meu sotaque arrastado
Do nosso solo rachado, dessa gente maltratada
Quase sempre injustiçada, acostumada a sofrer
Mais mesmo nesse padecer eu sou feliz desde menino
Quanto mais sou nordestino, mais orgulho tenho de ser
Terra de cultura viva, Chico Anísio, Gonzagão de Renato Aragão
Ariano e patativa. Gente boa, criativa
Isso só me dá prazer e hoje mais uma vez eu quero dizer
Muito obrigado ao destino, quanto mais sou nordestino
Mais tenho orgulho de ser
Eita,Nordeste da peste,
Mesmo com toda sêca
Abandono e solidão,
Talvez pouca gente perceba
Que teu mapa aproximado
Tem forma de coração.
E se dizem que temos pobreza
E atribuem à natureza,
Contra isso,eu digo não.
Na verdade temos fartura
Do petróleo ao algodão.
Isso prova que temos riqueza
Embaixo e em cima do chão.
Procure por aí a fora
“Cabra” que acorda antes da aurora
E da enxada lança mão.
Procure mulher com dez filhos
Que quando a palma não alimenta
Bebem leite de jumenta
E nenhum dá pra ladrão
Procure por aí a fora
Quem melhor que a gente canta,
Quem melhor que a gente dança
Xote,xaxado e baião.
Procure no mundo uma cidade
Com a beleza e a claridade
Do luar do meu sertão.
Sendo eu, um aprendiz
A vida já me ensinou que besta
É quem vive triste
Lembrando o que faltou
Magoando a cicatriz
E esquece de ser feliz
Por tudo que conquistou
Afinal, nem toda lágrima é dor
Nem toda graça é sorriso
Nem toda curva da vida
Tem uma placa de aviso
E nem sempre o que você perde
É de fato um prejuízo
O meu ou o seu caminho
Não são muito diferentes
Tem espinho, pedra, buraco
Pra mode atrasar a gente
Mas não desanime por nada
Pois até uma topada
Empurra você pra frente
Tantas vezes parece que é o fim
Mas no fundo, é só um recomeço
Afinal, pra poder se levantar
É preciso sofrer algum tropeço
É a vida insistindo em nos cobrar
Uma conta difícil de pagar
Quase sempre, por ter um alto preço
Acredite no poder da palavra desistir
Tire o D, coloque o R
Que você tem Resistir
Uma pequena mudança
Às vezes traz esperança
E faz a gente seguir
Continue sendo forte
Tenha fé no Criador
Fé também em você mesmo
Não tenha medo da dor
Siga em frente a caminhada
E saiba que a cruz mais pesada
O filho de Deus carregou
Sertão, argúem te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.
(De EU E O SERTÃO – Cante lá que eu canto Cá – Filosofia de um trovador nordestino – Ed.Vozes, Petrópolis, 1982)
Tenho prazer de falar.
Da minha terra fiel.
Arte, Cultura, Cordel.
O verde, a flor de açucena.
Nos braços dessa morena.
Me briagar de paixão.
Nas festas de são João.
Festejar com alegria.
Sou forró e poesia.
Sou caboclo do sertão…
Autor: Rogério Dantas
Caicó- RN- 16/07/ 2013
***
Sou nordestino!
Sou do sertão terra quente
que é bem difícil chover
nasci de um povo valente
acostumado a sofrer
sou nordestino oxente
e tenho orgulho de ser
“Minha alma triste suspira
em deslumbrante desejo,
ausente da minha terra,
há tempos que não a vejo.
são suspiros arrancados
do peito de um sertanejo.”
O qui é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!
É o Brasi qui não veste
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro…
Brasi caboco só veste,
camisa grossa de lista,
carça de brim da “polista”
gibão e chapéu de coro!
Depois da “festa” quem é
Que vai se lembrar de junho?
Defender a Natureza
Pra mim não será rascunho
E sim a arte final
A nível universal
Quem falhar eu testemunho…
Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa
Que a gente tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?
Meu amor se perdeu na imensidão do teu olhar E o inverno fez morada em mim Escrevi cartas imaginárias Nas noites sem luar Falando do que senti, do que vivi Daquilo que não fiz…
Revirei nossos baús Já não havia fotografias Apenas fragmentos de ti Tatuados em minha memória A fazer redemoinhos nos papéis da saudade Nas sombras reescritas na lápide
Fiquei naquela estação Com o relógio estacionado no peito Remendando meus fiapos Colhendo os sonhos vencidos Pintados nos olhos das máscaras de Veneza E o grito rasgando os nós do poema!
Rita, também participou da II Antologia Café com Poemas em 2019.
Nascida na Bahia de todos os Santos, na terra de Nosso Senhor do Bonfim (Salvador, meu amor, Bahia), com o Sol em Leão, aos 22 dias do mês de agosto. Rita Queiroz estudou Letras Vernáculas e se tornou professora de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Filologia Românica. Passados muitos anos, resolveu ser escritora.
Como poeta, tem os seguintes livros publicados para o público adulto: Velas ao vento, Confissões de Afrodite, O Canto da borboleta, Canibalismos (Penalux, 2020, 2019, 2018, 2017) e Colheitas (Darda, 2018).