Em 2017, em uma decisão histórica para o mercado editorial, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu equiparar os e-books e e-readers ao livro, garantindo a estes produtos a imunidade tributária, garantida pela Constituição Federal de 1988.
Em decisão unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, em sessão virtual, a Proposta de Súmula Vinculante (PSV) 132, formulada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), para fixar que a imunidade tributária dada pela Constituição Federal a papel, jornais, livros e periódicos se aplica também a livros digitais e seus componentes importados.
A proposta da Brasscom teve por base a jurisprudência consolidada do STF no julgamento conjunto dos Recursos Extraordinários (REs) 330817 (Tema 593) e 595676 (Tema 259), com repercussão geral, em março de 2017. Na ocasião, o Plenário entendeu que, nos termos do artigo 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal, estão isentos de imposto livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão e que essa imunidade deve abranger os livros eletrônicos, os suportes exclusivos para leitura e armazenamento e os componentes eletrônicos que acompanhem material didático.
A redação aprovada para a Súmula Vinculante 57, nos termos do voto do relator, ministro Dias Toffoli, presidente do STF, foi a seguinte:
“A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias”.
Em comemoração aos 159 anos de emancipação política da cidade de Condeúba, interior da Bahia, os poetas Leandro Flores e Antônio Santana fizeram homenagens a essa encantadora cidade, confira:
BEM VINDO À CONDEÚBA
Declaro o meu amor
A esse lugar tão encantador
Que se chama Condeúba.
Cidade mãe, cidade linda,
Para quem já conhece.
Para quem não conheceu ainda,
Condeúba tem muito a nos ensinar.
Sua história, seu povo,
Sempre tem algo a contar.
Venha visitar Condeúba,
Você vai se apaixonar.
Pela cultura, pela história,
Pela beleza desse povo:
Grande de alma e coração.
Condeúba é uma joia perdida,
Escondida nas entranhas
Desse imenso sertão.
(Leandro Flores)
Condeúba é a cidade de coração do poeta. Foi lá onde Leandro passou a maior parte de sua vida e escreveu suas mais belas histórias, como no texto acima, escrito em 2014, evidentemente, sem o clima de “porteira fechada”, como este que estamos vivendo por conta da COVID-19. Mas, de toda forma, passado essa fase ruim, certamente a cidade terá o maior prazer em receber as pessoas, sempre com boas-vindas, igualzinho no poema.
Jornalista, Sertanista, Comendador, Poeta, Editor de Livros e Revistas e Designer Gráfico. Leandro é autor dos livros “Sorriso de Pedra – A outra face de um Poeta” e “Portfólio: Traços e Conceitos”.
É membro-fundador da Academia de Letras do Sertão Cultivista, membro da CAPPAZ – Confraria Artistas e Poetas pela Paz, além de outras instituições Acadêmicas pelo país. Também é Coordenador e Idealizador do Movimento Cultivista Brasileiro e do Projeto Cartas e Depoimentos. Já fez participações em dezenas de antologias poéticas, além de ORGANIZAR e AUXILIAR outras publicações. Leia mais…
Antônio Santana
Também, quem homenageou Condeúba foi o poeta Antônio Santana, nosso coordenador local do Movimento Cultivista (Café com Poemas). Morador da cidade há vários anos, Santana é um declarado amante da cidade. Escreveu vários livros e é um incansável articulador cultural na região. Confira a homenagem:
CONDEÚBA
Do chão seco sem chuva Da mata verde como uma uva Do inverno que chega sem chuva Do verão sem vento com resfriamento.
A primavera dos bons momentos Um rio que seca sem ressentimento Um convite de casamento A tradição dos velhos tempos.
O barro seco do esgotamento O discurso do juramento Da barragem de cimento Condeúba do meu pensamento.
Da mata sem idade Do povo da saudade Do baile da terceira idade No Centro Cultural da cidade.
(António Santana)
homenagem santana a Condeúba poeta café com poemas
Recentemente, fui convidado para um bate-papo com os alunos do Colégio Adelmário Pinheiro, no povoado da Feirinha, município de Condeúba-BA.
O convite partiu do professor e coordenador, Rubens Ribeiro, quando eu ainda estava em Salvador. A gente se conhece há muito tempo e o projeto de eu ir à escola no qual ele leciona é antigo. Por conta das minhas andanças pelo Brasil a fora, o encontro quase nunca dava certo. Até que ele me convidou novamente e como eu já estava em Condeúba, acabou dando certo.
E olha, foi uma experiência muito boa, viu. No momento da “palestra” um dos alunos até me perguntou qual evento que eu tinha ido e que tinha mais gostado. A resposta foi instantânea e verdadeira: era aquele evento… Por mais que eu já tivesse feito isso diversas outras vezes, principalmente em Salvador, Belo Horizonte (nos centros culturais e em escolas públicas), Rio de Janeiro e outros lugares, aquele evento no Colégio Adelmário Pinheiro era especial.
A começar, porque foi em minha própria terra. Condeúba é um lugar que me viu crescer, onde eu tenho um profundo carinho e até certas doses (exageradas, por sinal) de paixão. Foi aqui (ou lá) onde publiquei o meu primeiro livro, onde me inspirei para criar diversos personagens e poemas, foi onde enfrentei as maiores dificuldades (que me fizeram crescer, evidente), onde tenho meus amigos, minha família, enfim… Condeúba é um lugar que conta muito de mim, onde eu conto muito também (da cidade) por onde eu vou… afinal de conta, é aqui o lugar onde partilho dos maiores desafios (tanto no passado, no presente e, quem sabe, no futuro).
Foi uma tarde sensacional, onde tive o privilégio de falar sobre as minhas experiências como poeta e escritor, ao longo desses 10 anos de dedicação à literatura, falar das minhas obras, dos meus projetos e sobre diversos outros temas.
Os alunos, sempre bem atentos, faziam perguntas e mostravam também os seus talentos. Descobri, por exemplo, que alguns deles já haviam participado de um projeto de leitura nacional e até publicado alguns trabalhos. Vi o quanto, principalmente sobre orientação da professora Rosângela, eles produziam trabalhos (artísticos diversos). Teve até uma pequena encenação (adorei essa parte) de um aluno com o meu nome. E o pior é que o guri parecia realmente comigo (risos).
O colégio era muito bem avaliado (pelo IDEB, inclusive), como confessou a Diretora Delma Nascimento (que, coincidentemente, foi minha colega do ensino médio, juntamente com outros professores que eu tive o prazer de revê-los).
Saí de lá com as melhores impressões; dos alunos, dos professores, do colégio, da administração, enfim, de todos.
Voltaria mil vezes, como eu disse (com gratidão) a um aluno de tão proveitoso que foi esse encontro.
É isso que espero para a educação do meu país, da administração da minha cidade. Condeúba (e agora Cordeiros também) é uma cidade privilegiada por produzir bela referência na cultura (principalmente na literatura). Mas também precisa passar por essa valorização para que haja sempre belas histórias para contar (e, quem sabe, publicar). Existem muitos talentos a serem lapidados, incentivados, acolhidos e valorizados na região. Basta apenas uma oportunidade, um olhar com atenção e esses talentos aparecem (e ficarão para sempre na história porque as escritas nunca morrem, assim como os poetas também não).
Confira algumas fotos:
Leandro Flores é fundador e produtor de todos os Projetos ligados ao Café com Poemas.
Jornalista, Sertanista, Comendador, Poeta, Editor de Livros e Revistas e Designer Gráfico. Leandro é autor dos livros “Sorriso de Pedra – A outra face de um Poeta” e “Portfólio: Traços e Conceitos”.
É membro-fundador da Academia de Letras do Sertão Cultivista, membro da CAPPAZ – Confraria Artistas e Poetas pela Paz, além de outras instituições Acadêmicas pelo país. Também é Coordenador e Idealizador do Movimento Cultivista Brasileiro e do Projeto Cartas e Depoimentos. Já fez participações em dezenas de antologias poéticas, além de ORGANIZAR e AUXILIAR outras publicações. Leia mais…
“Se o poeta popular vai para feira declamar poesia, eu vou para internet, que é uma feira grande, a maior do mundo, onde tem gente de todo lugar, não tem fronteiras e funciona 24h por dia. Vou fazer poesia, gravar vídeos, e compartilhar”. É assim que o cordelista cearense Bráulio Bessa define o seu fazer artístico.
O cordelista cearense viu sua arte ganhar uma projeção inimaginável depois de se tornar colaborador fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo. “Às vezes me sinto até culpado, com um remorso, por ter tanta gente boa com quem eu aprendo, de quem eu sou fã, que se eu pudesse… Mas agradeço muito a oportunidade de através da poesia falar de tantos temas, de racismo, homofobia, perdão, educação, meio ambiente, semanalmente, às 11h, na TV aberta. E com poesia, que é esse bicho mal educado”, comentou.
Bráulio começou a escrever aos 14 anos, depois de conhecer a poesia de Patativa de Assaré em uma aula de literatura. Meses antes, ele tinha sido perguntado por outra professora o que queria ser quando crescer, mas não tinha resposta a pergunta, que continuou ressoando. “Depois de escrever o meu primeiro poema, fui até a professora e disse que queria ser poeta, e já tinha até escrito algo”, lembra.
“O que me bole é esse poder transformador, conscientizador, que existe na palavra, na poesia. Minha maior fonte de inspiração é gente, e aí sim transformar tudo isso em poesia. Olhar para cada um aqui, e perceber que existe poesia. Eu vejo poesia no povo!” – Bráulio Bessa
Texto reproduzido pelo site Correio24h e assinado por Marília Moreira
Disponível na Netflix, o filme – ALavanderia, de Steven Soderbergh, um dos cineastas mais aclamados e prolíficos de sua geração, merece destaque (especialmente, a título de reflexão e discussões acadêmicas) pela excêntrica e, ao mesmo tempo, pomposa abordagem com que é retratado.
Apesar do grande elenco, Gary Oldman e Meryl Streep, vencedores do Oscar, e Antonio Banderas (provável indicado por “Dor e Glória” em 2020), e do já (mencionado neste artigo) Steven Soderbergh, o filme sofreu algumas críticas. De acordo com a análise do site Cena Pop, o roteirista Scott Z. Burns, por exemplo “dá algumas derrapadas aqui e ali com excesso de explicação, desconfiando da inteligência do espectador, mas nada que comprometa o resultado do filme”.
Foto: Divulgação
Um dos pontos da história (há outros que, ás vezes, se cruzam, mas com uma teatrologia diferente), é a questão ficcional do caso Panama Papers, sob a ótica dos advogados Jürgen Mossack (interpretado por Oldman) e Ramón Fonseca (Banderas).
Panama Papers (em português, significa: Documentos do Panamá). Segundo a Wikipédia Livre, “são um conjunto de 11,5 milhões de documentos confidenciais de autoria da sociedade de advogados panamenha Mossack Fonseca que fornecem informações detalhadas de mais de 214 000 empresas de paraísos fiscais offshore, além de chefes de Estado, familiares e colaboradores próximos de vários chefes de governo de mais de quarenta países, bem como 29 multimilionários, entre a lista das 500 pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista FORBES.”
Foto: Divulgação
O filme faz uma analogia entre o SAGRADO e o PROFANO; a questão dos ‘mansos e humildes; os primeiros e os derradeiros’ marcados pela cultura religiosa ocidental; faz também essa discussão entre a PROBIDADE ÉTICA na defesa dos interesses da ADVOCACIA, entre outros pontos. São tratadas também, a questão da aplicação das leis, a apuração e a eficiência das autoridades, a necessidade de uma maior apuração (e atenção) no momento de celebrar um contrato (o exemplo das seguradoras da AGP com o Rich (antiga Monarch) que fez o seguro do barco e não quis honrar o contrato), a questão das empresas offshore’s e a busca desenfreada da elite financeira em esconder “em paraísos fiscais” os seus patrimônios, evitando tributação de impostos (elisão e evasão fiscal) e as contas bancárias offshore que são geralmente abertas em países de legislação de origem britânica, usando-se um conceito jurídico de trust law, (relacionamento fiduciário de três partes credor, terceiro e beneficiado) originário da common law inglesa.
Ou seja, o filme reflete uma questão muito importante que nos mostra a profundidade (e a necessidade) de se pensar numa estrutura mais sólida e eficaz para se combater os crimes financeiros pelo mundo e traduz (em fatos) uma dimensão oculta, operada por um manejo financeiro (sabe-se lá quem) que se relaciona com o nosso dia a dia e muitas vezes não percebemos (ou não nos deixam perceber) e nos mostra, de maneira particularizada, as ambições, as tratativas, os interesses por trás dos contratos, a hipocrisia humana e etc.
Enfim, ALavanderia é um filme que merece um pouco de atenção (especialmente para fins didáticos) e que, ao final, vai lhe render um pouco mais de curiosidade sobre a vida e o mundo.
Obs. Não conseguimos identificar a autoria das imagens
Leandro Flores é fundador e produtor de todos os Projetos ligados ao Café com Poemas.
Jornalista, Sertanista, Comendador, Poeta, Editor de Livros e Revistas e Designer Gráfico. Leandro é autor dos livros “Sorriso de Pedra – A outra face de um Poeta” e “Portfólio: Traços e Conceitos”.
É membro-fundador da Academia de Letras do Sertão Cultivista, membro da CAPPAZ – Confraria Artistas e Poetas pela Paz, além de outras instituições Acadêmicas pelo país. Também é Coordenador e Idealizador do Movimento Cultivista Brasileiro e do Projeto Cartas e Depoimentos. Já fez participações em dezenas de antologias poéticas, além de ORGANIZAR e AUXILIAR outras publicações. Leia mais…
No dia 29 de Outubro de 2019, aconteceu no Colégio Estadual José Moreira Cordeiro à exposição de pinturas e desenhos dos artistas Cordeirenses, Tony de Duzinho, David Azevedo, Breno Nascimento, Kenny Rogers e Jocimá J. Ribeiro.
A exposição foi organizada pelo Movimento “Cultivista” Café com Poemas de Cordeiros, o objetivo foi homenagear e, popularizar entre os jovens, as artes visuais. Contou ainda com a mostra de Mangá Japonês e Histórias em Quadrinhos (HQ’s).
O Departamento Municipal de Juventude deu todo o suporte e apoio necessários para que esse evento acontecesse.
“Meus agradecimentos aos artistas, à direção e vice-direção do C.E.J.M.C, Ellen Caires e Prof. Keilla, à Mariana Abreu, Diretora do Departamento Municipal de Juventude, à Norislei Nascimento, Secretário Municipal de Educação. Apoiar a arte e a juventude é o meio pra lidar com a violência e um método muito eficaz de educação. Muito obrigada a todos!” – Disse Ângela Dias, Mentora do Movimento Café com Poemas de Cordeiros, Bahia.
Foi realizado nesta noite de sábado dia 26 de outubro de 2019, mais um evento do Movimento Café com Poemas. Desta vez, o encontro foi no Salão Coluna Prestes no prédio da antiga Intendência.
O coordenador do Movimento Café com Poemas em Condeúba, o poeta Antônio Santana, fez a abertura do encontro com uma oração…
Em seguida, Santana agradeceu a todos pela presença e fez um relato sobre os objetivos deste movimento, que é proporcionar nos encontros, um pouco de distração para as pessoas, mostrar o quão é lindo uma poesia, um poema, enfim, a arte do recital, a conversa com as letras e pelas letras.
Nesse mesmo diapasão, o Poeta Santana deu-se início aos trabalhos recitando o Poema, “O homem; as viagens”, de autoria de Carlos Drummond de Andrade. Este poema é provocante e no recital de ontem não foi diferente, pois, os membros do movimento ali presentes, fizeram a mesma reflexão sobre o tema…
Dando prosseguimento aos trabalhos, foram sendo recitados poemas e poesias com diferentes autores e público ali presente.
Foi nessa pegada MAIÚSCULA, que aconteceu o encontro do “Movimento Café com Poemas”, na noite de ontem, ao término do encontro, ficou com o sabor de quero mais!!!
Fotos e Reportagem: Oclides da Silveira/JFC
Confira a reportagem completa e mais fotos no site JFC
Logos Hope atraca em Salvador com missão de levar educação e esperança através da fé
A maior livraria flutuante do mundo, a Logos Hope possui acervo com mais de 5.000 livros de diferentes segmentos, mas com foco maior voltado à leitura cristã, a preços mais baratos do que o mercado. O navio, visitado pelo CORREIO, na manhã desta sexta-feira (25), fica em Salvador até o dia 5 de novembro, com entrada a R$ 5 por pessoa.
Operada pela Good Books For All (GBA), uma organização de origem cristã da Alemanha, o Logos Hope começou a funcionar em 2009. O navio conta com 9 andares e tem capacidade para uma média de 442 pessoas. É o maior navio da organização, que já possuiu também os navios Logos, Doulos e Logos II, que juntos já passaram por mais de 160 países, contabilizando mais de 46 milhões de visitas desde os anos 70.
(…)
Espaço Jornada da Vida (Foto: CORREIO/Marina Silva)
Na livraria é possível encontrar um espaço chamado de Jornada da Vida, onde as pessoas entram em uma história baseada na obra bíblica, o Filho Pródigo e que muda a aparência dos personagens, de acordo com o continente. Há ainda um espaço de teatro voltado para as crianças e o Café Internacional para os visitantes terem um momento de interação e conversa com os visitantes.
Segundo a organização, a ideia é promover uma “viagem da esperança”, evangelizando pessoas através do “conhecimento, ajuda e esperança”, surgiu depois que um casal americano que fazia o transporte de livros dos Estados Unidos para o México, através de uma Kombi, resolveu expandir a missão e através de parcerias. Eles compraram um navio, o Logos, em 1973, que saiu da Dinamarca para a Alemanha.
Depois de 20 anos da primeira passagem no Brasil, a organização volta ao país, com a mesma missão de “trazer livros de boa qualidade, a um preço acessível para diferentes públicos”, diz a baiana Raquel Menezes, coordenadora de projetos da Logos Hope.
Raquel é uma das brasileiras que integra a tripulação de 400 pessoas de 60 nações diferentes que se voluntariaram para seguirem passando por países onde a situação é mais precária. “A ideia também é compartilhar conhecimento, ajuda e esperança. Então, muito mais do que ter o trabalho só a bordo, todos os dias também, trabalhamos com projetos sociais nos países em que nós passamos”, conta, completando que durante os 10 dias em que o navio vai estiver atracado em Salvador, uma parte dos tripulantes visitará igrejas, escolas, orfanatos e hospitais para fazer diferentes tipos de trabalho.
Apresentação de dança coreana (Foto: CORREIO/Marina Silva)
A livraria funciona de terça à sábado, das 10h às 21h e domingo, das 14h, às 21h.Entre crianças, adolescentes e adultos, os 400 tripulantes tentam levar uma vida normal no mar. Todos têm um trabalho com horário de entrada e saída e é comum encontrar famílias inteiras à bordo, como é o caso da família do comandante alemão, Samuel Hils, que vive com esposa e as duas filhas no navio.
Polêmia antes da chegada
Antes mesmo de chegar, a livraria-ambulante se envolveu em uma polêmica. Uma postagem de cunho discriminatório, feita no Facebook da livraria, pedia para os seguidores orarem por “proteção, força e sabedoria para os tripulantes durante a permanência do navio em Salvador – cidade conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios”.
A publicação gerou desconforto e críticas à organização da Logos, que na abertura da livraria aqui em Salvador, nesta sexta (25), ainda não sabia quem havia feito a postagem. “Ainda estamos identificando quem foi a pessoa que falhou com esse tipo de informação”, explicou o Márcio Lugão, diretor da ONG Operação Mobilização (OM), que está por trás da Logos Hopes e tem como objetivo levar conhecimento ao mundo através de estudos bíblicos, da arte, do trabalho e desenvolvimento.
Post que gerou polêmica (Foto: Reprodução)
Ainda segundo Márcio, a postagem foi feita de “maneira errônea” e uma nota pública será divulgada para imprensa. O diretor da OM afirma que esse tipo de postagem foge dos princípios da organização. “A gente leva respeito, companheirismo, ajuda humanitária, social, então é possível que tenha havido falhas como em qualquer lugar e profissão, mas a boa notícia para a imprensa e população de Salvador é que esse problema já foi solucionado’, afirmou.
Em vídeo, a promotora de Justiça Lívia Sant’Ana, afirmou que o Ministério Público do Estado da Bahia tomou conhecimento, através da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, “de mensagem de cunho discriminatório emitido pela Logos Hope Livraria Flutuante”. “Já foi instaurado o devido procedimento e a organização do navio será notificada com recomendação para retirada da mensagem de todas as redes sociais, bem como para prestar esclarecimentos no prazo de três dias”, afirmou a promotora.
Além disso, foi enviada uma cópia do procedimento para “adoção das medidas cabíveis no que se refere ao direito do consumidor, uma vez que, pelo que foi verificado no local, trata-se de acervo de livros evangélicos, informação que não foi divulgada no material publicitário”, acrescenta.
A Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) divulgou nota de repúdio. Declarar que a tripulação estaria submetida a algum risco ao chegar em uma cidade “conhecida pela crença do povo em espíritos e demônios” ultrapassa os limites da liberdade de expressão e liberdade religiosa, diz a presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa do órgão, Maíra Vida.
“Nos é exigido um esforço transdisciplinar de superação das violências. O desafio é garantir que o enfrentamento jurídico seja célere, adequado e, ainda assim, transformador”, afirma.
A turnê do duo de músicos cegos rendeu o primeiro DVD cego da história, já que as imagens foram registradas no escuro para que o público vivenciasse a realidade de um deficiente visual.
Ouvir a música com o coração. É desta forma que o público assiste a um espetáculo do duo de músicos cegos, A Corda em Si, de Florianópolis (SC). São eles, o contrabaixista Mateus Costa, 43 anos, e a cantora Fernanda Rosa, 38 anos.
Com todas as luzes apagadas e com os olhos vendados, o público vive uma experiência inesquecível com a turnê “Livremente”, terceiro da dupla com músicas autorais.
No local é instalado um piso tátil e as ações no palco são narradas por um audioescritor. E desta forma, o público não só sente a música, mas como também vivencia a realidade de um deficiente visual.Casal de músicos cegos se apresenta no escuro e o público “assiste” de olhos vendados. Foto: Antonio Rossa
“O duo de contrabaixo e voz é uma formação bastante rara, e tem essa coisa do não preenchimento, a gente insinua muitas vezes coisas que não estamos tocando, por exemplo, uma flauta, que não está sendo tocada de verdade e bagagem musical de cada pessoa que assiste preenche essa lacuna. É um show que nos rendeu prêmios e é uma proposta de inclusão, de que todos tenham a mesma percepção e que todos são tratados iguais”, contou o casal.
No siteda A Corda em Si é possível conhecer outros álbuns do duo e seu trabalho incrível!
O casal se entende pelos sons
O casal se conheceu num curso de música, e numa disciplina de canto e coral, uma amiga em comum apresentou eles. Começaram nos corredores propondo fazer um som. Hoje, estão há 10 anos na estrada e juntos. Da união dos músicos, nasceu também o Francisco, de dois anos, único sem deficiência visual em casa.
Casal está junto há 10 anos na estrada e na vida. Juntos, tiveram o filho Francisco, de dois anos. Foto: Antonio Rossa
Mateus não nasceu cego. Ele desenvolveu a deficiência progressivamente quando aos 14 anos foi diagnosticado com retinose pigmentar.
“Eu tenho memória visuais muito forte, inclusive, quando eu sonho, eu consigo ver as pessoas, os rostos. Comecei a tocar vários instrumentos desde pequeno, violino, piano. Um dia, numa festa da escola, passei do lado de uma caixa de som e eu nunca esqueço que o meu corpo todo vibrou e quando toquei o contrabaixo, o meu corpo também vibrou e essa memória afetiva me fez optar por esse instrumento”, contou emocionando.
Fernanda nasceu com glaucoma e possui 13% da visão. “A minha experiência de visão é bem diferente do Mateus, as minhas referências são mais as misturas de sons e cheiros. Desde criança eu cantava bastante e a minha mãe e a minha avó cantavam bastante. Mas na época, a mulher que cantava na noite não era bem vista. E hoje estou aqui fazendo a voz dessas mulheres”, disse.
Em casa, eles fazem de tudo: trocam fralda, fazem comida, inclusive, relataram que até esquecem que são deficientes visuais, já que a casa é bem adaptada. Fazem tudo juntos!
“A gente acredita que o Francisco já sabe que somos deficientes visuais, apesar de ainda não entender. Então, ele tenta trazer referências de toque e som para dizer o que ele quer. Ele pega a nossa mão para mostrar o que ele quer”, relataram.
O DVD pode ser acessado pelo canal A Corda em Si. Está lindo! Abaixo uma linda apresentação da dupla.