“Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta”, escreveu décadas atrás o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984).
Com isso, a loucura do personagem Coringa no filme homônimo, dirigido por Todd Phillips, parece assustadoramente realista, ainda que represente um grau extremo de psicopatia.
O longa protagonizado por Joaquin Phoenix tem sido celebrado por muitos e tratado com cautela por tantos outros.
Seria a obra embalada por múltiplas violências um gatilho capaz de estimular insanos a produzir massacres de inocentes?
Recentes atentados realizados por lobos solitários – como os de El Paso e Dayton, nos Estados Unidos, em agosto – fazem a nova versão do Coringa ser ainda mais humana e também mais perigosa.
Na imprensa norte-americana, o filme-sensação, ganhador do principal prêmio do Festival de Veneza, tem sido associado ao termo ‘terrorismo branco’, em referência ao perfil mais comum de assassinos motivados por ódio: o caucasiano introspectivo de classe média que se sente incomodado ou ameaçado por minorias.
O riso descontrolado e aterrorizante é a marca do desiludido Arthur Fleck Foto: Divulgação
O insociável e carente Coringa seria, ainda, um ícone para os ‘incels’, abreviação de involuntary celibates (celibatários involuntários), ou seja, homens majoritariamente heterossexuais incapazes de estabelecer de maneira espontânea um relacionamento romântico ou sexual. Esse grupo desperta a atenção de autoridades e estudiosos do comportamento colérico.
No filme, o homem atrás da máscara de palhaço – o comediante desprezado e frustrado Arthur Fleck – é produto e, ao mesmo tempo, sintoma de uma sociedade doente. Mais grave: ele quer ser o expurgador dessa anomalia.
Para isso, atua como uma espécie de justiceiro. É vítima, réu, juiz e executor. Uma confusão mental e comportamental alimentada pela omissão de uma sociedade igualmente doente.
A maioria das pessoas prefere fingir não enxergar um indivíduo com transtorno mental a fim de não se reconhecer nele ou então evitar se sentir na obrigação moral de ajudá-lo ou ainda para se desviar da culpa pela negligência.
A maior parte das pessoas exibe um sorriso falso para disfarçar as dores emocionais Foto: Divulgação
Diante da insuficiente política de Estado em relação à saúde mental da população, o drama cotado a indicações ao Oscar presta um serviço relevante ao alertar a respeito dos radicalismos aos quais estamos expostos.
Cada pessoa deve, assim como sugeriu Foucault, enfrentar a si mesmo. Assim haverá menor chance de se transformar em um ser fora de controle.
Coringa expõe as possíveis consequências calamitosas do bullying, do desamor e da sensação íntima de fracasso.
Trata-se de uma alegoria com tintas fortes do ‘loser’ americano: o cidadão visto como ‘perdedor’ por não ter conquistado o sucesso financeiro, a felicidade afetiva e o respeito na comunidade.
Independentemente de origem e cultura, há milhares de Coringas à nossa volta – sem maquiagem, porém igualmente prontos a explodir em fúria.
Diante desse risco iminente, a única risada possível a todos nós é a de nervoso.
Ser professor é:
Acima de tudo um pai, um educador;
É ser um orientador, um construtor de sonhos,
Em meio a tantas dificuldades;
É um sonhador de uma sociedade mais justa
E humana para todos que nela habitam;
É ser um formador de caráter, de ideias e de opiniões;
É um ser que auxilia na formação de mestres e doutores,
Para o percurso da vida pessoal e profissional;
Ser professor é um dom, uma arte e o prazer de ensinar,
Aprendendo com os seus alunos no cotidiano da escola;
Ser professor é árduo mais é história;
Ser professor é um título nobre, uma profissão e um sacerdócio,
Gravado na memória de uma sociedade;
Ser professor é como a presença de um pai e de uma mãe
Orientando seus filhos no seio de uma escola;
Ser professor é ser um instrumento de libertação para salvar uma nação.
Esther Okade é uma criança britânica-nigeriana que aos 10 anos de idade, matriculou-se em uma universidade. Esther mora em Walsall, uma cidade industrial na região de West Midlands, no Reino Unido.
Sua mãe, Omonefe, notou o talento da filha para números logo depois que ela começou no maternal, aos 3 anos de idade. A mãe conta que depois de algumas semanas na escola particular, Esther teve um comportamento estranho.
Explodindo em choro, ela dizia que nunca mais voltaria à escola.
“Eles nem me deixavam falar”
Desde então, Esther passou a ter aulas em casa mesmo com a sua mãe. Ela adora álgebra, equações de segundo grau, números complexos, etc.
” Foi super fácil. A minha mãe me ensinou de uma forma agradável” – conta ela.
Desde os 7 anos, Esther queria entrar para a universidade, porém, seus pais eram cautelosos. Só quando completou 10 anos de idade que ela se matriculou na Universidade Aberta, uma faculdade de ensino à distância do Reino Unido. Estas universidades têm programas de ensino específicos para crianças com estas habilidades e veem nelas futuros gênios.
Talvez seja quase unânime a ideia de que ser carinhoso, ou carinhosa, é algo muito positivo. E de fato, é. No entanto, ninguém sai abraçando e beijando todo mundo.
Em adultos, o carinho, em termos de contato físico, é comumente restrito ao círculo social de pessoas mais próximas. Isso é muito fácil de verificar. Acontece que – se você é pai ou mãe – talvez esteja obrigando o seu filho pequeno, sem perceber, a acreditar que manter contato físico com alguém, qualquer pessoa, o torna “melhor”, mais aceito, mais bonzinho. E você pode estar fazendo isso, ao ter uma atitude, aparentemente, inofensiva: obrigando-o a beijar e abraçar, ou ir no colo de estranhos.
Aqui uma ressalva: para a criança a intimidade é algo restrito às pessoas que ela convive intensamente. A mãe, o pai, os familiares mais próximos, um ou outro colega de escola. Mesmo que você acredite que aquele parente não é um estranho, aprenda a ver pelos olhos da criança, e perceberá que o familiar é um ilustre desconhecido para ela.
NINGUÉM É OBRIGADO
É comum que as pessoas acreditem que os pequenos têm obrigação de abraçar e beijar todo mundo que pede. Mas pense um pouco sobre a mensagem que está passando à ela.
De novo, vale a empatia: são crianças, em plena formação física, emocional, neurológica, etc. Elas estão aprendendo, todos os dias, sobre como funciona o mundo, quem são elas, como devem se comportar, quais são as regras sociais…
E esse ensinamento pode ser algo tão profundo, que uma criança que aprendeu que pode ser tocada ou que deve tocar – por obrigação, uma outra pessoa – está aprendendo que a vontade dela não deve ser respeitada, e que o corpo não é dela.
Parece absurdo pensar isso de uma atitude tão inofensiva, como beijar ou abraçar uma criança – afinal de contas, uma convenção social como cumprimentar alguém de modo mais “carinhoso”, é algo que faz parte, e sempre fez, da nossa cultura. No entanto, não deveria.
SER EDUCADO E GENTIL NÃO SIGNIFICA TER CONTATO FÍSICO
Se a criança fala que não quer ter contato físico com outra pessoa, ela deve ser respeitada sempre. Com isso, você pai ou mãe, ensina a ela que o corpo dela não pode ser tocado e que ela não deve aceitar que a toquem ou que peçam isso a ela, por obrigação.
É duro, mas o abuso infantil é uma triste verdade que precisa ser dita.
Crianças são seres humanos, e precisam ser tratadas como tal. Elas devem aprender – porque é de pequeno que se ensina essas coisas – que o corpo é delas, e que não deve ser tocado por obrigação ou aceitação, que ser educado e gentil não significa ter contato físico com ninguém, que ela sempre vai poder contar com a empatia dos pais sobre as necessidades delas, e que o contrário disso é desrespeito e agressão.
Por isso, quando aquela tia ou prima distante aparecer em uma festa de família pedindo um beijo para seu filho, pense duas vezes na hora de dizer para a criança fazer isso, e prefira sempre perguntar se ela quer. O mais importante, nesse caso, é respeitar a vontade da criança, e não se ater a uma imposição social, que não faz o menor sentido.
Cerca de duas mil pessoas são atendidas por dia na unidade médica. São mais de 2 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, 18 mil internamentos e 12 mil cirurgias.
As Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), fundadas em maio de 1959 (pela agora santa brasileira canonizada pelo Vaticano), oferece atendimento 100% gratuito e realiza mais de 11 mil tratamentos de câncer por mês.
Além do serviço médico, há outros setores que precisam de doações para que a obra continue atendendo os pacientes. No almoxarifado, por exemplo, ficam armazenados os produtos utilizados para o preparo das 10 mil refeições diárias. É uma média de 25 toneladas de alimentos por mês.
“Quanto mais doações a gente consegue arrecadar, menos a gente tira da conta da instituição. Então, se a gente recebe mais alimentos, significa que eu deixo de tirar do caixa da instituição para comprar alimentos. Consigo direcionar o recurso que já está na conta para uma melhoria, uma reforma, para uma compra de equipamento”, contou a assessora de marketing Mariana Pimentel.
A instituição conta com a colaboração de 10 operadoras e três telefonistas trabalhando para captar recursos para a obra. Mariana Pimentel informou que os interessados devem ligar para o número: 71 3316-8899. “Muita gente nunca entrou aqui. Não compreende o tamanho dessa instituição. Quanto maior, maior a necessidade de doações pra gente continuar mantendo”.
Brasileiro com câncer terminal que tomava morfina todos os dias terá alta após método inédito aplicado por pesquisadores da USP. Esposa do paciente celebra e descreve situação como “inacreditável”
Vamberto Luiz de Castro, 62, funcionário público aposentado de Belo Horizonte, sofria de um linfoma terminal e tomava morfina todos os dias. Seu destino parecia tragicamente irreversível, mas ele receberá alta no próximo sábado (12).
Após ser submetido a um tratamento inédito na América Latina, o paciente deixará o hospital livre dos sintomas do câncer graças a um método 100% brasileiro baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell.
Os médicos e pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, apontam que o paciente está “virtualmente” livre da doença.
Os especialistas só não falam em ‘cura’ porque o diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. Tecnicamente, os exames indicam a “remissão do câncer”.
Os pesquisadores da USP, apoiados pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica CART-Cell.
A técnica está em fase de pesquisas e é pouco acessível. No EUA, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e podem custar mais de US$ 475 mil.
Antes de ser submetido ao tratamento, Vamberto tentou quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas.
Vamberto estava em fase terminal do câncer, com dose máxima de morfina. Ele deu entrada no dia 9 de setembro no Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto (SP) com muitas dores, perda de peso e dificuldades para andar. O tumor havia se espalhado para os ossos.
Os médicos deram a Vamberto mais alguns meses de vida. Como uma última tentativa, os médicos incluíram o paciente em um “protocolo de pesquisa” e testaram a nova terapia, até então nunca aplicada no Brasil.
CART-Cell
O método CART-Cell consiste na manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as células causadoras do câncer. A estratégia consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.
Segundo os médicos, Castro respondeu bem ao tratamento e logo após quatro dias deixou de sentir as fortes dores causadas pela doença. Após uma semana, ele voltou a andar.
Vamberto com a equipe médica do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (Foto: Divulgação/HCFMRP/Divulgação)
“Essa primeira fase do tratamento foi milagrosa. Não tem mais manifestação da doença, ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito feliz”, disse o hematologista Dimas Tadeu Covas.
Renato Luiz Cunha, outro dos responsáveis pelo estudo, explicou que a terapia genética consegue modificar células de defesa do corpo para atuarem em combate às que causam o câncer.
“As células vão crescer no organismo do paciente e vão combater o tumor”, disse Cunha. “E desenvolvemos uma tecnologia 100% brasileira, de um tratamento que nos EUA custa mais de R$ 1 milhão. Esperamos que ela possa ser, no futuro, acessível a todos os pacientes do SUS.”
O hematologista Rodrigo Calado, professor da FMRP-USP, afirma que “esse tratamento foi possível pelo investimento em pesquisa e formação de pessoas feito pela Fapesp e CNPq ao longo dos anos e que agora se traduz em um tratamento melhor e mais eficaz em casos de linfomas refratários.”
Esposa
Rosemary Castro, esposa de Vamberto, conta que foram dois anos de luta e pouquíssimas expectativas desde que o marido foi diagnosticado com a doença.
“É inacreditável, até porque são dois anos de luta e a gente não via nenhum resultado com quimioterapia ou radioterapia, e agora nesses exatos 30 dias que nós estamos aqui [Ribeirão Preto] a gente já vê uma mudança completa na saúde, na vida, em tudo dele”, diz.
“Meu marido sempre foi uma pessoa que gostava muito de praticar esporte, caminhada, uma saúde sempre muito impecável, não tinha vício nenhum. A gente não imagina nunca que de repente possa aparecer uma doença dessas que, de um minuto para outro, desestrutura tudo na vida da gente”, relata.
“Nise – O coração da Loucura”, dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Gloria Pires, o longa, baseado no livro Nise – Arqueóloga dos Mares, do jornalista Bernardo Horta, traz um recorte acessível e emocionante da atuação da psiquiatra e sua defesa da arte como principal ferramenta de reintegração de pacientes chamados “loucos”.
Nise da Silveira, psiquiatra alagoana (1905-1999), enxergou a riqueza de seres humanos que estavam “no meio do caminho”. No meio do caminho entre o existir e a dignidade. No meio do caminho entre a loucura e a exclusão total. Entre o aceitável e o abominável.
Essa mulher se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para “ajustar” pessoas e propôs um tratamento humanizado, que usava a arte para reabilitar os pacientes.
Esquizofrênicos marginalizados e esquecidos puderam ser autores de obras hoje expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro (RJ). A arte marcou o renascimento daquelas pessoas para a sociedade.
Os ensinamentos de Nise nos falam de uma atualidade que se repete a cada vez que a loucura é estigmatizada e polarizada: é ou não é louco(a). Cobramos de nós mesmos, o tempo todo: sejamos funcionais. Como se não pudéssemos falhar ou viver nossas escolhas fora da curva que definiram para nós.
Nise, essa senhorinha miúda, agigantou a humanidade ao cuidar de brasileiros rejeitados pelo sistema e isolados do convívio. A história dela já foi tema de documentários e do filme Nise – O Coração da Loucura, lançado em 2016 e disponível pela Netflix (Vale a pena assistir).
CENTRO CULTURAL DA SAÚDE/MINISTÉRIO DA SAÚDE
Depois de assistir ao filme, fica evidente, por meio de uma ficção que comove e mobiliza, o fato de que Nise terá sempre nosso respeito e admiração, pois tratou a loucura com carinho e fez dela um motor de vida.
Descobrir a história de Nise é encontrar um pouco de nós mesmos nos momentos em que parecemos não “caber” em nossa própria existência.
Como essa mulher fez a diferença no mundo, listamos algumas razões pelas quais ela merece ser convocada à nossa memória:
Ela foi uma mulher pioneira
Em 1926, ao se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, Nise era a única mulher em uma turma de 157 alunos. Ainda na graduação ela apresentou o estudo Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil.
Ela deu voz à loucura
“Na época em que ainda vivíamos os manicômios e o silenciamento da loucura, Nise da Silveira soube transformar o Hospital Engenho de Dentro em uma experiência de reconhecimento do engenho interior que é a loucura”, explica à revista Cult Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP.
Nise era uma defensora da loucura necessária para se viver. “Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”
Ela foi presa política
Nise ficou presa de 1934 a 1936, durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo. Ela foi denunciada por uma colega de trabalho, que era enfermeira. No presídio Frei Caneca, ela dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que na época era casada com Luís Carlos Prestes, lembra a revista Cult.
“(…) Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço.”
Ela implementou a terapia ocupacional no manicômio
Em 1944, Nise passou a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Ela se recusou a seguir o tratamento da época, que incluía choque elétrico, cardiazólico e insulínico, camisa de força e isolamento. Ao dizer “não”, a psiquiatra foi transferida, como “punição”, para o Setor de Terapia Ocupacional do Pedro II. A reportagem da revista Cult lembra que esse era um espaço desprestigiado na época.
Porém, essa transferência foi fundamental para a revolução que Nise provocaria na psiquiatria: foi nesse setor do hospital que ela implementou, junto com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento psiquiátrico.
Ela usou a arte para tratar problemas graves de saúde mental
Nise percebeu que as artes plásticas eram o canal de comunicação com os pacientes esquizofrênicos graves, que até então não se comunicavam verbalmente. As obras produzidas por eles davam “voz” aos conflitos internos que viviam.
Ela expôs as artes feitas pelos pacientes
Além do efeito terapêutico, as artes plásticas possibilitaram que os pacientes (ou clientes, como Nise gostava de chamá-los) se tornassem verdadeiros artistas.
A produção do ateliê do Setor de Terapia Ocupacional já tinha despertado a atenção de pesquisadores de saúde mental e médicos, mas críticos de arte também viram naqueles trabalhos obras artísticas dignas de exposição. Foram organizadas duas exposições internacionais e, em 1952, foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro.
Em entrevista à revista Cult, Luiz Carlos Mello, diretor do Museu das Imagens do Inconsciente e autor da fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde, informa que o acervo pessoal de Nise da Silveira é tombado como Memória do Mundo da Unesco. “Com a criação do Museu, também como um centro de estudos e pesquisa, seu acervo atingiu mais de 360 mil obras e se tornou a maior e a mais diferenciada coleção desse tipo de arte no mundo. Suas principais coleções foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.”
Ela introduziu gatos e cachorros na rotina dos psicóticos
Nise encorajou os pacientes psicóticos a conviverem com gatos e cachorros. O resultado foi uma admirável promoção de afetividade com os bichinhos.
Ela revelou as emoções dos esquizofrênicos
Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima, professora do Curso de Terapia Ocupacional da USP e autora do livro Arte, Clínica e Loucura: Território em Mutação, explica à revista Cult que Nise constatou que o mundo interno do esquizofrênico, considerado inatingível até então, poderia ser acessado, revelando as emoções desses pacientes por meio das artes plásticas. “Nise afirmava que o hospital colaborava com a doença e acreditava que caberia à terapêutica ocupacional parte importante na mudança desse ambiente.”
Ela chamou a atenção de Jung
Nise era uma devoradora de livros e tinha um interesse especial pela obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Ela escreveu uma carta para ele, pedindo ajuda para interpretar as mandalas que os pacientes desenhavam. A correspondência é relatada na fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde:
“A configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denotará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna. Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C. G. Jung, explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida.”
Bernardo Horta, autor da biografia Nise — Arqueóloga dos Mares, diz à Cultque Nise “constata o que Jung afirmava: se para o neurótico – o que seria todos nós, segundo Freud – o tratamento é por meio da palavra, ou seja, a psicanálise, para o esquizofrênico, segundo Jung, a palavra não dá conta. Para esse paciente, o tratamento deveria ser pela imagem”.
Em 1957, Nise é convidada por Jung para passar um ano estudando com ele no Instituto Junguiano, na Suíça, além de expor o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente no II Congresso Internacional de Psiquiatria. Na volta ao Brasil, em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Rio de Janeiro, que coordenou até morrer, em 1999.
A Casa é lugar para o convívio afetivo e estímulo à criatividade dos psiquiátricos. A clínica funciona em regime aberto, sem fins lucrativos, à base de doações.
Ela ajudou a escrever a história da psiquiatria
Nise apontou falhas na psiquiatria, contestou práticas e demonstrou soluções, dando novos contornos e sentidos aos tratamentos e às relações entre psiquiatras e pacientes. Em seus 94 anos de vida, a alagoana publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos.
Ela representa uma resistência atemporal
O psicanalista Christian Dunker, no Blog da Boitempo, reforça a atemporalidade dos feitos de Nise:
“Não me parece um acaso que, em meio ao momento de maior dissenção social que já vivemos, desde os anos de chumbo da ditadura militar, estejamos presenciando o maior retrocesso desde então registrado em matéria de saúde mental. A nomeação de Valencius Wursch Duarte Filho como secretário de saúde mental do Ministério da Saúde, em uma operação indecente de barganha política, é o retorno de tudo o que Nise demorou uma vida para desfazer. Passeatas, manifestações e mesmo a própria ocupação, que persiste há mais de dois meses, de uma das salas do Ministério, parecem não ter voz nem luz contra a volta das piores trevas psiquiátricas.”
“Duarte Filho foi diretor técnico do hospital psiquiátrico Casa de Saúde Dr. Eiras, fechado em 2012 depois de constatadas graves violações aos direitos humanos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados”, escrevem os psicanalistas Antonio Lancetti e Maria Rita Kehl, e o psicólogo Aldo Zaiden, em um artigo na Folha de S. Paulo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicanálise, entre os profissionais de saúde, a indicação de Duarte Filho para o cargo é vista como um “retrocesso e uma ameaça real aos avanços conseguidos nos últimos anos com a Rede Nacional de Saúde Mental, que promoveu a substituição dos hospitais psiquiátricos pelos Centros de Atenção Psicossociais, organizados para oferecer atendimento intensivo, articulados a emergências psiquiátricas, residências terapêuticas e outras formas efetivas de reabilitação, beneficiando milhares de pessoas antes sujeitas a maus-tratos de toda ordem”.
Mais do que atual: Nise é urgente para a sociedade brasileira.
É membro-fundador da Academia de Letras do Sertão Cultivista, é também Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana/BA, membro da CAPPAZ – Confraria Artistas e Poetas pela Paz, além de outras instituições Acadêmicas pelo país. Também é Coordenador Nacional e Idealizador do Movimento Cultivista Brasileiro e do Projeto Cartas e Depoimentos. Já fez participações em inúmeras antologias poéticas, além de ORGANIZAR e AUXILIAR outras publicações.
Recebeu o Título de Doutor Honoris Causa em Letras pela Reitoria Acadêmica do Seminário Teológico BOU-Bonhoeffer Open University e diversos outros PRÊMIOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS.
Leandro começou a sua carreira literária em abril de 2008 e, desde então, passou a escrever sobre diversos temas, sendo, inclusive, um dos poetas mais reproduzidos na internet, citado por juízes, acadêmicos (1, 2, 3, 4, 5,6, 7…), poetas, sites de frases e mensagens (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11….), políticos (Vereadores, Deputados, Prefeitos e até Ministro de Estado (aqui)), além de personalidades como Anderson Silva (confira aqui) e outros atletas pelo país. Sua frase mais famosa é: “O esporte é a ferramenta de inserção social mais eficaz, pois o resultado é imediato e as transformações são surpreendentes.”
Reconhecido por exaltar o sertão, em 2009, recebeu da Câmara de Vereadores de Condeúba/BA uma Moção de Congratulação pela participação em projetos na área da Literatura, pela promoção de eventos de propagação da arte e da cultura nessa região e em outros cantos do Brasil.
Em 2015, lançou em Belo Horizonte, pela Revista Café com Poemas, o MANIFESTO AO CULTIVISMO, resultado de alguns encontros, debates, estudos e pesquisas acerca da cultura e da arte CONTEMPORÂNEA no país.
São dez itens com sugestões e posicionamentos sobre o que os seus membros (artistas, ativistas culturais e simpatizantes) acreditam e referenciam como importantes para o Movimento (ao Cultivismo) Café com Poemas, arte e cultura em geral. A intenção foi levar, através dos compromissos firmados pelo Manifesto ao Cultivismo, o sabor da arte e da cultura a todos os interessados.
O Movimento cresceu e se estendeu em diversas cidades do país, como Cordeiros/BA, Rio de Janeiro/RJ (atualmente sem representantes), Condeúba/BA, Itapetinga/BA, Sorocaba/SP, Blumenau/SC, Imbituba/SC, Joinville/SC, etc.
Leandro é advogado, pós-graduando em Comunicação Digital e Mídias Sociais e é fundador e produtor dos Projetos ligados ao Café com Poemas e da editora Novos Sabores Publicações.
“O Prêmio Camões de Literatura é o mais importante da língua portuguesa. Ele foi instituído em 1988 pelos governos português e brasileiro, mas recompensa também autores de Angola, São Tome e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau ou Timor Oriental. A cada ano um escritor lusófono é consagrado pelo conjunto de sua obra.
O anúncio do prêmio a Chico Buarque foi feito em maio deste ano. Ele foi escolhido por um júri formado por Antônio Carlos Hohlfeldt e Antônio Cicero Correia Lima pelo Brasil; Clara Rowland e Manuel Frias Martins por Portugal; Nataniel Ngomane por Moçambique e Ana Paula Tavares por Angola.
Ministério da Cultura português confirma que cerimônia será em data ainda indefinida de 2020, em Lisboa”