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Há 117 anos, nascia Carlos Drummond de Andrade

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Neste dia 31 de outubro, comemora-se o aniversário de um dos principais peotas da segunda geração do Modernismo Brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, falecido em agosto de 1987. Se estivesse vivo, Drummond completaria 117 anos de idade. O poeta, contista e cronista brasileiro deixou suas obras que fazem parte do patrimônio literário do País.

Nascido em 1902, na cidade de Itabira, em Minas Gerais, ele é o responsável por 34 poesias, nove antologistas poéticas, quatro livros infantis e 19 prosas. Drummond ganhou quatro prêmios: Prêmio Jabuti, em 1968, Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1973), Prêmio Morgado de Mateus (1980), Prêmio Juca Pato (1982) e Ordem do Mérito Cultural (2010). Em homenagem ao poeta, neste dia 31 de outubro também celebra o Dia Nacional da Poesia. Drummond faleceu no dia 17 de agosto de 1987, vítima de um infarto no miocárdio e insuficiência respiratória.

Nesta quinta-feira, 31, o Google também prestou homenagem à Drummond. A empresa mundial criou um doodle especial com a imagem do poeta. O Google homenageou Carlos Drummond de Andrade com um doodle especial que traz a imagem do poeta.

Imagem: google.com

Fonte: Diário da Região

Maior livraria flutuante do mundo está em Salvador

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Logos Hope atraca em Salvador com missão de levar educação e esperança através da fé

A maior livraria flutuante do mundo, a Logos Hope possui acervo com mais de 5.000 livros de diferentes segmentos, mas com foco maior voltado à leitura cristã, a preços mais baratos do que o mercado. O navio, visitado pelo CORREIO, na manhã desta sexta-feira (25), fica em Salvador até o dia 5 de novembro, com entrada a R$ 5 por pessoa.

Operada pela Good Books For All (GBA), uma organização de origem cristã da Alemanha, o Logos Hope começou a funcionar em 2009. O navio conta com 9 andares e tem capacidade para uma média de 442 pessoas. É o maior navio da organização,  que já possuiu também os navios Logos, Doulos e Logos II, que juntos já passaram por mais de 160 países, contabilizando mais de  46 milhões de visitas desde os anos 70.

(…)

Espaço Jornada da Vida
(Foto: CORREIO/Marina Silva)

Na livraria é possível encontrar um espaço chamado de Jornada da Vida, onde as pessoas entram em uma história baseada na obra bíblica, o Filho Pródigo e que muda a aparência dos personagens, de acordo com o continente. Há ainda um espaço de teatro voltado para as crianças e o Café Internacional para os visitantes terem um momento de interação e conversa com os visitantes.

Segundo a organização, a ideia é promover uma “viagem da esperança”, evangelizando pessoas através do “conhecimento, ajuda e esperança”, surgiu depois que um casal americano que fazia o transporte de livros dos Estados Unidos para o México, através de uma Kombi, resolveu expandir a missão e através de parcerias. Eles compraram um navio, o Logos, em 1973, que saiu da Dinamarca para a Alemanha. 

Depois de 20 anos da primeira passagem no Brasil, a organização volta ao país, com a mesma missão de “trazer livros de boa qualidade, a um preço acessível para diferentes públicos”, diz a baiana Raquel Menezes, coordenadora de projetos da Logos Hope.

Raquel é uma das brasileiras que integra a tripulação de 400 pessoas de 60 nações diferentes que se voluntariaram para seguirem passando por países onde a situação é mais precária. “A ideia também é compartilhar conhecimento, ajuda e esperança. Então, muito mais do que ter o trabalho só a bordo, todos os dias também, trabalhamos com projetos sociais nos países em que nós passamos”, conta, completando que durante os 10 dias em que o navio vai estiver atracado em Salvador, uma parte dos tripulantes visitará igrejas, escolas, orfanatos e hospitais para fazer diferentes tipos de trabalho.

Apresentação de dança coreana 
(Foto: CORREIO/Marina Silva)

A livraria funciona de terça à sábado, das 10h às 21h e domingo, das 14h, às 21h.Entre crianças, adolescentes e adultos, os 400 tripulantes tentam levar uma vida normal no mar. Todos têm um trabalho com horário de entrada e saída e é comum encontrar famílias inteiras à bordo, como é o caso da família do comandante alemão, Samuel Hils, que vive com esposa e as duas filhas no navio.

Polêmia antes da chegada


Antes mesmo de chegar, a livraria-ambulante se envolveu em uma polêmica. Uma postagem de cunho discriminatório, feita no Facebook da livraria, pedia para os seguidores orarem por “proteção, força e sabedoria para os tripulantes durante a permanência do navio em Salvador – cidade conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios”. 

A publicação gerou desconforto e críticas à organização da Logos, que na abertura da livraria aqui em Salvador, nesta sexta (25), ainda não sabia quem havia feito a postagem. “Ainda estamos identificando quem foi a pessoa que falhou com esse tipo de informação”, explicou o Márcio Lugão, diretor da ONG Operação Mobilização (OM), que está por trás da Logos Hopes e tem como objetivo levar conhecimento ao mundo através de estudos bíblicos, da arte, do trabalho e desenvolvimento.

Post que gerou polêmica (Foto: Reprodução)

 

Ainda segundo Márcio, a postagem foi feita de “maneira errônea” e uma nota pública será divulgada para imprensa. O diretor da OM afirma que esse tipo de postagem foge dos princípios da organização. “A gente leva respeito, companheirismo, ajuda humanitária, social, então é possível que tenha havido falhas como em qualquer lugar e profissão, mas a boa notícia para a imprensa e população de Salvador é que esse problema já foi solucionado’, afirmou.

Em vídeo, a promotora de Justiça Lívia Sant’Ana, afirmou que o Ministério Público do Estado da Bahia tomou conhecimento, através da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, “de mensagem de cunho discriminatório emitido pela Logos Hope Livraria Flutuante”. “Já foi instaurado o devido procedimento e a organização do navio será notificada com recomendação para retirada da mensagem de todas as redes sociais, bem como para prestar esclarecimentos no prazo de três dias”, afirmou a promotora.

Além disso, foi enviada uma cópia do procedimento para “adoção das medidas cabíveis no que se refere ao direito do consumidor, uma vez que, pelo que foi verificado no local, trata-se de acervo de livros evangélicos, informação que não foi divulgada no material publicitário”, acrescenta.

A Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) divulgou nota de repúdio. Declarar que a tripulação estaria submetida a algum risco ao chegar em uma cidade “conhecida pela crença do povo em espíritos e demônios” ultrapassa os limites da liberdade de expressão e liberdade religiosa, diz a presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa do órgão, Maíra Vida.  

“Nos é exigido um esforço transdisciplinar de superação das violências. O desafio é garantir que o enfrentamento jurídico seja célere, adequado e, ainda assim, transformador”, afirma.

A reportagem é do jornal Correio*

*Com orientação da editora Ana Cristina Pereira]

Obs. Não conseguimos identificar a autoria das imagens 

 

Paraibano de 9 anos tem maior nota do país e leva medalha de ouro em olimpíada de robótica

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Além da primeira colocação, o estudante recebeu a certificação de maior nota nacional e certificados de honra ao mérito nos níveis nacional, estadual e municipal.

O estudante paraibano Yan Gabriel Santos Rodrigues da Costa, de 9 anos, conquistou medalha de ouro na olimpíada brasileira de robótica 2019, na modalidade teórica. Aluno do 3º ano do ensino fundamental em uma escola particular de Campina Grande, além de primeiro colocado, recebeu a certificação de maior nota nacional e certificados de honra ao mérito nos níveis nacional, estadual e municipal.

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Esta é a terceira vez consecutiva que o menino alcança o primeiro lugar nacional numa olimpíada científica, antes foi medalhista em olimpíadas de astronomia e aeronáutica. Em entrevista à TV Cabo Branco, o pai de Yan, Leonardo Costa, contou que desde cedo o garoto demonstrou gostar de robótica, tecnologia, astronomia e física.

“Nós começamos a ver o diferencial dele ainda quando ele ainda nem sabia ler mas já identificava marcas de carro, placas. A partir buscamos maneiras de o estimular,” afirmou Leonardo.

Segundo os professores do menino de 9 anos, Yan tem facilidade de aprender e interagir, além de uma boa capacidade de entendimento. Há 3 anos, o menino participa e conquista bons resultados em olimpíadas brasileiras de astronomia, astronáutica.

Esse ano, Yan disputou pela primeira vez, com alunos de todo o país, a olimpíada nacional de robótica. A mãe do garoto comemorou a vitória. “Estou com muito orgulho. Não tem outro adjetivo para enquadrar. Foi uma surpresa pela questão das notas, estamos muito felizes e ele também”, declarou Iara Santos.

O aluno está classificado para a Etapa Regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (modalidade prática), que será realizada este mês no Rio Grande do Sul, e foi convidado a participar da Olimpíada Internacional de Robótica.

Veja a reportagem:

https://www.youtube.com/watch?v=Vw-uGGje5c0
Além da primeira colocação, o estudante recebeu a certificação de maior nota nacional e certificados de honra ao mérito nos níveis nacional, estadual e municipal.

As informações são: G1 – Paraíba

Obs. Não conseguimos identificar a autoria das imagens 

 

Foto de menino coberto de óleo viraliza e traduz a tragédia do nordeste brasileiro

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Everton entrou no mar com uma camiseta, mas a tirou quando viu o corpo sujo. Improvisou uma túnica com um saco de lixo e voltou para a água

A imagem deu a volta ao mundo: um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado do óleo que há quase dois meses se espalha pelo litoral nordestino.

Foi registrada por um fotógrafo colaborador da AFP em 21 de outubro por volta das 11h da manhã, na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco).

Naquele dia, Everton Miguel dos Anjos, de 13 anos, junto com os quatro irmãos e vários primos se somaram às centenas de voluntários que retiravam os resíduos de petróleo cru espalhados na areia ou incrustados nas pedras.

Entrou no mar com uma camiseta, mas a tirou quando viu o corpo enegrecido. Improvisou uma túnica com um saco de lixo e voltou para a água.

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O jovem contou ao fotógrafo que sua mãe, que administra um bar na praia, brigou com ele quando viu as fotos, publicadas por muitos dos principais veículos de comunicação ao redor do mundo.

“Eu tinha pedido permissão para ajudar a limpar a praia e ela me deu, mas com a condição de que eu não me sujasse!”, disse Everton.

O ministério da Saúde lembrou na semana passada que a inalação de vapores de petróleo ou o contato físico com suas substâncias tóxicas é perigoso.

Nesta quinta-feira, 25 de outubro, quatro dias depois da foto, apenas alguns fragmentos de petróleo eram vistos na praia. O Exército tinha se encarregado da operação de limpeza, proibindo a participação de crianças. Desde o início da catástrofe, foram recolhidas mil toneladas de petróleo, segundo dados da Marinha.

O vazamento foi avistado pela primeira vez na Paraíba em 30 de agosto e desde então foi detectado ao longo de 2.250 quilômetros, chegando a praias paradisíacas em uma região pobre e fortemente dependente do turismo. Cerca de 200 localidades foram afetadas.

Várias ONGs têm denunciado a lentidão das autoridades em reagir e a falta de recursos para combater o que muitos especialistas consideram a pior catástrofe ambiental do nordeste brasileiro.

As informações são de CartaCapital.

(FOTO: LEO MALAFAIA / AFP)

Suco de Melão de São Caetano destrói mais de 90% das células cancerígenas

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Conhecida no Brasil como Melão de São Caetano, a planta asiática melão amargo (Momordica charantia) mostrou-se incrivelmente eficaz no combate às células cancerígenas que atacam o pâncreas.

Há casos em que após 72 horas de tratamento com o suco do melão, dissolvido em 5% de água, dois tipos de câncer pancreático foram eliminados em uma taxa de 98%. [wpdiscuz-feedback id=”gt1u42vydd” question=”Please leave a feedback on this” opened=”1″]Em alguns pacientes, as células cancerígenas tiveram uma redução de 90%. Uma verdadeira vitória para os pesquisadores![/wpdiscuz-feedback]

 

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Tudo acontece como resposta natural do organismo em relação a células invasoras, em um processo conhecido como apoptose. Ao ser absorvido pelo organismo, o suco do melão gerou o colapso do metabolismo de alimentação por glicose das células doentes.

Em outras palavras, o suco impediu que as células invasoras se alimentassem de açúcar, principal meio de sobrevivência das células. Sem alimento, elas acabaram morrendo e, como resultado, mais de 90% do câncer pancreático foi eliminado ou reduzido.

Erva de São Caetano – Planta encontrada no Sertão
Foto: Ilustração

O Doutor Rakesh Aggarwal, responsável pelos ótimos avanços na pesquisa, iniciou os estudos ao constatar que chineses e indianos ingeriam a planta como auxiliar no tratamento da diabete e obtinham excelentes resultados. Como essa doença, em casos mais graves, pode ocasionar o câncer no pâncreas, Rajesh só relacionou as ideias e deu início à pesquisa, obtendo êxito.

Segundo a Doutora Ratna Ray, do Centro Médico da Universidade de Saint Louis, é difícil medir o resultado exato do tratamento com o extrato de Melão de São Caetano no crescimento das células, porém combinado com as terapias e remédios existentes, pode auxiliar na eficácia do combate ao câncer.

Fonte: Revista do Meio Ambiente.

Informações do Livro Milagre da Natureza

‘O mar é minha vida, não posso ver esse horror e não fazer nada’: os voluntários que estão limpando o óleo do mar no ‘braço’

Desde às 6h, as mensagens não param de apitar no celular do salva-vidas Lucas Nelli. Mas essas que acabam de chegar, às 8h56 da sexta-feira, são aquelas que ele não gostaria de ver — o que é inevitável.

Direto da praia da Pedra do Sal, a 800 metros do Farol de Itapuã, em Salvador, uma amiga manda fotos com a situação de momento.

A maré alta da madrugada carregou pra cima das pedras o óleo cru que invade o litoral do Nordeste desde 30 de agosto. As algas estão cobertas pela lama negra e as pelotas sólidas de óleo boiam nas piscinas naturais, que começam a secar com a descida da maré.

 

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Previamente preparado, Lucas ruma direto à praia. Ali, serão horas sob o sol forte e a uma temperatura de 30º C — com sensação mais elevada —, envolto numa atmosfera carregada de toxinas e odor de betume. E ele faz isso voluntariamente.

“O mar é minha vida. Eu sou salva-vidas, surfista e desenvolvo uma terapia pessoal no mar. Não posso ficar vendo esse cenário de horror e não fazer nada. Eu tô há dias sem dormir direito, estressado, acordo já com 500 mensagens no celular, mas é isso mesmo. Fazer o quê?”, resigna-se Lucas.

Como salva-vidas, sua escala prevê que ele trabalhe quatro dias e folgue quatro. Esta semana, a folga foi ocupada integralmente pela limpeza de praias.

“Eu pedi pra meu irmão pegar minha filha na escola hoje. A gente vai se organizando, contando com ajuda de amigos e familiares, pra conseguir colar aqui.”

Com Farol de Itapuã ao fundo, voluntários trabalham na limpeza do óleo em Salvador
Foto: Victor Uchôa/BBC News Brasil / BBC News Brasil

Neste sábado (19), Lucas volta à escala do serviço, na praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas — cidade vizinha a Salvador, onde o óleo também chegou, mas em menor intensidade.

“Eu vou ficar de olho no mar, mas limpando. E peço ajuda a todo mundo que passa. Tem que ser assim. Se a gente for esperar o poder público, já era”.

Amigos e voluntários formam o grupo ‘Guardiões do Litoral’

Lucas faz parte de um grupo que surgiu na capital baiana há oito dias, com o objetivo de limpar as praias, mangues e estuários tocados pelo óleo em Salvador e cidades próximas.

Batizado de Guardiões do Litoral, o grupo começou com apenas cinco amigos e amigas praticantes de surfe. Em seguida, todos buscaram conhecidos que morassem em diferentes praias, ampliando o raio do monitoramento.

No dia 12, fizeram o primeiro mutirão de limpeza. Depois disso, com a chegada de cada vez mais óleo nas praias de Salvador, não foi mais possível parar.

“Já tiramos baldes e baldes dessa lama daqui. Mas a maré jogou o óleo pra cima da pedra, o sol esquentou, isso gruda. Como é que limpa?”, lamenta Juvenal Gordilho, que tem dado plantão na Pedra do Sal.

Ele é professor de jiu-jitsu e atua na reciclagem de óleo de cozinha para produção de sabonetes. Mas, nos últimos dias, interrompeu todas as atividades para priorizar o trabalho nas praias.

“Além de todo o esforço, temos uma corrida contra o tempo, porque quando a maré sobe, já foi, só no outro dia. Às vezes, dá a sensação de que estamos enxugando gelo, mas não vamos parar.”

Para otimizar a corrida contra o tempo, os Guardiões criaram alguns métodos.

Esta semana, definiram monitores para cada região do litoral. Quando a maré começa a baixar, eles vão às praias de sua responsabilidade e compartilham nos grupos de voluntários fotos e vídeos feitos com o aplicativo Timestamp, que mostra o local exato e a hora em que aquele registro foi feito, evitando alarmes falsos e facilitando a vida de quem vai chegar para ajudar.

A partir das imagens, define-se a área mais contaminada do dia e as mensagens começam a se espalhar, instigando tantas pessoas quanto for possível para aproveitar a baixa da maré e colocar, literalmente, a mão no óleo.

Criado na terça-feira (15), o perfil dos Guardiões do Litoral no Instagram reuniu mais de 5 mil seguidores em 72 horas.

Nesta sexta (18), 25 voluntários participaram do mutirão na Pedra do Sal, que contou ainda com homens da Marinha e da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb).

‘É importante mobilizar as pessoas porque quanto mais gente, mais rápido tira o óleo’, diz Pâmela Seccon
Foto: Victor Uchôa/BBC News Brasil / BBC News Brasi

Entres os voluntários, estava o casal Pâmela Seccon e Flávio Bustani. Foi o segundo dia de atuação deles. Na quinta-feira, participaram da retirada de óleo na praia do Rio Vermelho, a poucos metros da faixa de areia que, todo dia 2 de fevereiro, é tomada por pessoas na Festa de Iemanjá – e de onde saem os presentes enviados para a Rainha do Mar das religiões de matriz africana.

“Aqui tem bastante gente. No Rio Vermelho, só tinha eu, Flávio e o pessoal da Limpurb. É importante mobilizar as pessoas porque quanto mais gente, mais rápido tira o óleo”, diz Pâmela.

Ela descreve a limpeza como um trabalho de luta contra a substância.

“É uma trabalheira, porque a gente tira o óleo, mas ele esquenta com o sol, vai derretendo, rasga o saco, fura o balde. Tem que ter paciência”.

Ela é pesquisadora e Flávio, produtor cultural. Ambos deixaram os compromissos de lado para colaborar com a limpeza.

“Só quero ver se não vai aparecer o culpado por isso. Olhe o estado das nossas praias, o cheiro que tá aqui”, diz Flávio, de frente para a bancada de pedra coberta de óleo.

‘O jeito é nos juntarmos para limpar’

Grupos de voluntários usam aplicativos para se comunicar sobre locais danificados e com equipes atuando
Foto: Victor Uchôa/BBC News Brasil / BBC News Brasil

“Muita gente está espalhando nossas informações e dicas, o que tem atraído mais voluntários. Isso nos dá força, traz energia no meio da situação crítica. Enquanto cidadãos, aumenta a sensação de pertencimento, de união, mesmo que seja num momento tão triste”, diz Mariana Thevenin, uma das articuladoras do movimento.

Mariana, que é oceanógrafa física, explica que é de domínio público o mapeamento detalhado do litoral brasileiro, feito pelo Ministério do Meio Ambiente, com indicação dos pontos sensíveis da costa em diferentes níveis.

Essas informações, afirma ela, deveriam ser usadas numa crise como a de agora, o que não vem sendo feito.

“Estamos no meio de uma catástrofe e não vemos ações robustas do governo federal, que, através da Petrobras, é quem dispõe da estrutura para fazer a contenção do óleo antes de chegar na praia e, depois que já chegou, deveria acionar empresas especializadas neste tipo de limpeza. Não era nem pra Limpurb estar fazendo isso. Mas, cadê? Alguém já viu algum barco com as bóias de contenção aqui? O óleo já entrou na Baía de Todos os Santos e fica por isso mesmo. O jeito é nos juntarmos pra ir limpar”, diz.

Nesta sexta, o Ministério Público Federal (MPF), com aval dos procuradores dos noves estados nordestinos, entrou com uma ação contra a União alegando omissão no caso da manchas de óleo. O pedido é que, em 24 horas, seja colocado em prática o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água. A multa diária prevista é de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.

Classificando o episódio como o maior desastre ambiental da história no litoral brasileiro, o MPF afirma que a União tem protelado medidas protetivas, sem atuar de forma articulada.

“Afinal, tudo que se apurou é que a União não está adotando as medidas adequadas em relação a esse desastre ambiental que já chegou a 2.100 quilômetros dos nove estados da região”, diz a ação.

O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Bahia, Rodrigo Alves, afirmou à BBC News Brasil que “neste momento, a limpeza das praias é o que tem se mostrado mais eficaz”. O Ibama é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Segundo Alves, como o óleo se move sob a superfície do mar, o que dificulta a sua visualização em sobrevoos e por satélite, “é difícil prever onde montar as bóias de contenção”.

“Além disso, nem todo local é apropriado para colocar as boias”, completa.

Questionado se, mesmo sem a previsão exata, não seria o caso de garantir a proteção em zonas sensíveis onde fosse possível instalar a contenção, como estuários e entradas de manguezais, Alves voltou a dizer que o mais eficiente tem sido as limpezas depois que o óleo toca a costa.

Em visita ao trabalho de limpeza na Pedra do Sal, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, afirmou que vai manter a mobilização da Limpurb pelo tempo que for necessário, “sem fazer contas”.

“Nossos homens só saem das praias quando estiver tudo 100% limpo. É claro que isso tem um ônus, causa um prejuízo ao erário, que deve ser cobrado do responsável pela causa primária desse vazamento, que ainda não foi descoberto”, afirmou Neto.

“Não vou polemizar sobre responsabilidades de governos, seja estadual ou federal. A nossa preocupação, nesse momento, é com a retirada desse óleo cru das praias e sua devida destinação”, completou.

Somente nesta sexta, quase 11 toneladas de óleo foram retiradas de seis praias de Salvador. Desde o início da aparição das manchas na capital baiana, já foram aproximadamente 91 toneladas.

Voluntária pede licença do trabalho para participar de limpeza

A fotógrafa Isabel Sant’Ana descreve cenário ‘assustador’ em manguezal
Foto: Pedro Accioly / BBC News Brasil

A fotógrafa Isabel Sant’Ana juntou-se aos Guardiões do Litoral logo no primeiro momento, após ver uma postagem do engenheiro Arthur Sehbe.

No sábado, dia 12, ela partiu para uma ação de limpeza na praia de Itacimirim, Litoral Norte da Bahia, a 75 quilômetros de Salvador. Lá, encontrou algumas pelotas na areia, mas ficou chocada mesmo ao chegar na barra do Rio Pojuca, onde há um extenso manguezal.

“Era assustador, eu comecei a chorar. Tinham manchas de óleo maiores que uma pessoa. A gente tirava os bolos de óleo dos buracos e quando metia a mão de novo, estavam lá os caranguejos mortos”, conta ela, que durante esta semana chegou a pedir licença do trabalho para participar de uma nova ação.

Na terça, entretanto, Isabel começou a sentir dores de cabeça, ficou com as vias aéreas sensíveis e sem apetite. Ela não tem dúvida: o mal estar foi motivado pelo óleo.

A médica clínica geral e homeopata Mônica Oliveira confirma que esses sintomas são comuns a quem fica muito tempo exposto ao derivado de petróleo, pois ali estão contidos altos níveis de substâncias neurotóxicas.

“É com isso que se produzem colas, removedores, resinas, só que em quantidades bem menores. Aquilo é óleo cru, é muito tóxico.”

A médica sugere que, dentro do que for possível, os voluntários criem uma escala de revezamento nas praias, evitando atuar em dias seguidos. Isto para dar tempo de o corpo liberar a toxicidade antes de receber uma nova carga.

Outra dica é evitar o uso de bebidas alcoólicas e cigarro.

“As drogas, mesmo as lícitas, sobrecarregam o corpo que, neste caso, já está intoxicado pelo óleo. Por isso é bom evitar beber ou fumar neste período, até para conseguir realizar este trabalho por mais tempo”, observa.

No perfil do Instagram, os Guardiões alertam sobre a importância de que os voluntários se protejam para participar da limpeza. É preciso usar luvas, botas de PVC, calças, camisas de manga comprida, pás, peneiras e máscara. Com um detalhe: como o contaminante libera vapores ao ser aquecido pelo sol, o ideal é uso de máscara para gás, ainda que a máscara para poeira já ajude.

Somente a máscara para gás custa, em média, R$ 260. Por isso, os voluntários pedem que empresas que tenham esses itens ou pessoas que possam comprá-los façam doações de equipamentos. Não são aceitas doações em dinheiro.

Em Salvador, os Guardiões garantem o plano de manter a mobilização até que as manchas de óleo parem de aparecer, ainda que este seja um horizonte incerto – já que ainda não se sabe a quantidade de óleo derramado no oceano, assim como a localização exata e a data do derramamento.

Mesmo diante do desastroso quadro, Mariana Thevenin tenta manter o otimismo: “Enquanto for preciso e possível, vamos seguir. Os oceanos e as praias são fundamentais pra gente, seja pela regulação térmica, seja pelo lazer ou pelos alimentos. Vamos continuar cobrando respostas dos governos, mas, enquanto isso, metemos mão. É nossa responsabilidade meter mão”.

As informações são do Portal Terra

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Conheça Esther, a menina prodígio em matemática que se matriculou aos 10 anos numa universidade

Esther Okade é uma criança britânica-nigeriana que aos 10 anos de idade, matriculou-se em uma universidade. Esther mora em Walsall, uma cidade industrial na região de West Midlands, no Reino Unido.

Sua mãe, Omonefe, notou o talento da filha para números logo depois que ela começou no maternal, aos 3 anos de idade. A mãe conta que depois de algumas semanas na escola particular, Esther teve um comportamento estranho.

Explodindo em choro, ela dizia que nunca mais voltaria à escola.

 

“Eles nem me deixavam falar”

Desde então, Esther passou a ter aulas em casa mesmo com a sua mãe. Ela adora álgebra, equações de segundo grau, números complexos, etc.

Foi super fácil. A minha mãe me ensinou de uma forma agradável” – conta ela.

Desde os 7 anos, Esther queria entrar para a universidade, porém, seus pais eram cautelosos.  Só quando completou 10 anos de idade que ela se matriculou na Universidade Aberta, uma faculdade de ensino à distância do Reino Unido. Estas universidades têm programas de ensino específicos para crianças com estas habilidades e veem nelas futuros gênios.

 

As informações são do site Pragmatismo Político

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Hospital fundado por Irmã Dulce tem atendimento 100% gratuito e faz mais de 11 mil tratamentos contra câncer por mês na BA

Cerca de duas mil pessoas são atendidas por dia na unidade médica. São mais de 2 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, 18 mil internamentos e 12 mil cirurgias.

As Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), fundadas em maio de 1959 (pela agora santa brasileira canonizada pelo Vaticano), oferece atendimento 100% gratuito e realiza mais de 11 mil tratamentos de câncer por mês.

Além do serviço médico, há outros setores que precisam de doações para que a obra continue atendendo os pacientes. No almoxarifado, por exemplo, ficam armazenados os produtos utilizados para o preparo das 10 mil refeições diárias. É uma média de 25 toneladas de alimentos por mês.

“Quanto mais doações a gente consegue arrecadar, menos a gente tira da conta da instituição. Então, se a gente recebe mais alimentos, significa que eu deixo de tirar do caixa da instituição para comprar alimentos. Consigo direcionar o recurso que já está na conta para uma melhoria, uma reforma, para uma compra de equipamento”, contou a assessora de marketing Mariana Pimentel.

A instituição conta com a colaboração de 10 operadoras e três telefonistas trabalhando para captar recursos para a obra. Mariana Pimentel informou que os interessados devem ligar para o número: 71 3316-8899. “Muita gente nunca entrou aqui. Não compreende o tamanho dessa instituição. Quanto maior, maior a necessidade de doações pra gente continuar mantendo”.

As informações originais são do portal G1.com

Esperança: Terapia inédita na América Latina salva brasileiro com câncer terminal

Brasileiro com câncer terminal que tomava morfina todos os dias terá alta após método inédito aplicado por pesquisadores da USP. Esposa do paciente celebra e descreve situação como “inacreditável”

Vamberto Luiz de Castro, 62, funcionário público aposentado de Belo Horizonte, sofria de um linfoma terminal e tomava morfina todos os dias. Seu destino parecia tragicamente irreversível, mas ele receberá alta no próximo sábado (12).

Após ser submetido a um tratamento inédito na América Latina, o paciente deixará o hospital livre dos sintomas do câncer graças a um método 100% brasileiro baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell.

Os médicos e pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, apontam que o paciente está “virtualmente” livre da doença.

Os especialistas só não falam em ‘cura’ porque o diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. Tecnicamente, os exames indicam a “remissão do câncer”.

Os pesquisadores da USP, apoiados pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica CART-Cell.

A técnica está em fase de pesquisas e é pouco acessível. No EUA, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e podem custar mais de US$ 475 mil.

Antes de ser submetido ao tratamento, Vamberto tentou quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas.

Vamberto estava em fase terminal do câncer, com dose máxima de morfina. Ele deu entrada no dia 9 de setembro no Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto (SP) com muitas dores, perda de peso e dificuldades para andar. O tumor havia se espalhado para os ossos.

Os médicos deram a Vamberto mais alguns meses de vida. Como uma última tentativa, os médicos incluíram o paciente em um “protocolo de pesquisa” e testaram a nova terapia, até então nunca aplicada no Brasil.

CART-Cell

O método CART-Cell consiste na manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as células causadoras do câncer. A estratégia consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.

Segundo os médicos, Castro respondeu bem ao tratamento e logo após quatro dias deixou de sentir as fortes dores causadas pela doença. Após uma semana, ele voltou a andar.

Vamberto com a equipe médica do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (Foto: Divulgação/HCFMRP/Divulgação)

“Essa primeira fase do tratamento foi milagrosa. Não tem mais manifestação da doença, ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito feliz”, disse o hematologista Dimas Tadeu Covas.

Renato Luiz Cunha, outro dos responsáveis pelo estudo, explicou que a terapia genética consegue modificar células de defesa do corpo para atuarem em combate às que causam o câncer.

“As células vão crescer no organismo do paciente e vão combater o tumor”, disse Cunha. “E desenvolvemos uma tecnologia 100% brasileira, de um tratamento que nos EUA custa mais de R$ 1 milhão. Esperamos que ela possa ser, no futuro, acessível a todos os pacientes do SUS.”

O hematologista Rodrigo Calado, professor da FMRP-USP, afirma que “esse tratamento foi possível pelo investimento em pesquisa e formação de pessoas feito pela Fapesp e CNPq ao longo dos anos e que agora se traduz em um tratamento melhor e mais eficaz em casos de linfomas refratários.”

Esposa

Rosemary Castro, esposa de Vamberto, conta que foram dois anos de luta e pouquíssimas expectativas desde que o marido foi diagnosticado com a doença.

“É inacreditável, até porque são dois anos de luta e a gente não via nenhum resultado com quimioterapia ou radioterapia, e agora nesses exatos 30 dias que nós estamos aqui [Ribeirão Preto] a gente já vê uma mudança completa na saúde, na vida, em tudo dele”, diz.

“Meu marido sempre foi uma pessoa que gostava muito de praticar esporte, caminhada, uma saúde sempre muito impecável, não tinha vício nenhum. A gente não imagina nunca que de repente possa aparecer uma doença dessas que, de um minuto para outro, desestrutura tudo na vida da gente”, relata.

 

*Autoria de imagem: desconhecida

 

A notícia é de Redação Pragmatismo

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Quem foi Nise da Silveira, a mulher que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil e virou filme na Netflix.

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“Nise – O coração da Loucura”, dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Gloria Pires, o longa, baseado no livro Nise – Arqueóloga dos Mares, do jornalista Bernardo Horta, traz um recorte acessível e emocionante da atuação da psiquiatra e sua defesa da arte como principal ferramenta de reintegração de pacientes chamados “loucos”.

Nise da Silveira, psiquiatra alagoana (1905-1999), enxergou a riqueza de seres humanos que estavam “no meio do caminho”. No meio do caminho entre o existir e a dignidade. No meio do caminho entre a loucura e a exclusão total. Entre o aceitável e o abominável.

Essa mulher se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para “ajustar” pessoas e propôs um tratamento humanizado, que usava a arte para reabilitar os pacientes.

Esquizofrênicos marginalizados e esquecidos puderam ser autores de obras hoje expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro (RJ). A arte marcou o renascimento daquelas pessoas para a sociedade.

Os ensinamentos de Nise nos falam de uma atualidade que se repete a cada vez que a loucura é estigmatizada e polarizada: é ou não é louco(a). Cobramos de nós mesmos, o tempo todo: sejamos funcionais. Como se não pudéssemos falhar ou viver nossas escolhas fora da curva que definiram para nós.

Nise, essa senhorinha miúda, agigantou a humanidade ao cuidar de brasileiros rejeitados pelo sistema e isolados do convívio. A história dela já foi tema de documentários e do filme Nise – O Coração da Loucura, lançado em 2016 e disponível pela Netflix (Vale a pena assistir).

CENTRO CULTURAL DA SAÚDE/MINISTÉRIO DA SAÚDE

Depois de assistir ao filme, fica evidente, por meio de uma ficção que comove e mobiliza, o fato de que Nise terá sempre nosso respeito e admiração, pois tratou a loucura com carinho e fez dela um motor de vida.

Descobrir a história de Nise é encontrar um pouco de nós mesmos nos momentos em que parecemos não “caber” em nossa própria existência.

Como essa mulher fez a diferença no mundo, listamos algumas razões pelas quais ela merece ser convocada à nossa memória:

Ela foi uma mulher pioneira

Em 1926, ao se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, Nise era a única mulher em uma turma de 157 alunos. Ainda na graduação ela apresentou o estudo Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil.

Ela deu voz à loucura

“Na época em que ainda vivíamos os manicômios e o silenciamento da loucura, Nise da Silveira soube transformar o Hospital Engenho de Dentro em uma experiência de reconhecimento do engenho interior que é a loucura”, explica à revista Cult Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP.

Nise era uma defensora da loucura necessária para se viver. “Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”

Ela foi presa política

Nise ficou presa de 1934 a 1936, durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo. Ela foi denunciada por uma colega de trabalho, que era enfermeira. No presídio Frei Caneca, ela dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que na época era casada com Luís Carlos Prestes, lembra a revista Cult.

Ela foi citada em um livro do Graciliano Ramos

Na prisão, Nise também conheceu o escritor alagoano Graciliano Ramos, que a cita em seu livro Memórias do Cárcere:

“(…) Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço.”

Ela implementou a terapia ocupacional no manicômio

Em 1944, Nise passou a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Ela se recusou a seguir o tratamento da época, que incluía choque elétrico, cardiazólico e insulínico, camisa de força e isolamento. Ao dizer “não”, a psiquiatra foi transferida, como “punição”, para o Setor de Terapia Ocupacional do Pedro II. A reportagem da revista Cult lembra que esse era um espaço desprestigiado na época.

Porém, essa transferência foi fundamental para a revolução que Nise provocaria na psiquiatria: foi nesse setor do hospital que ela implementou, junto com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento psiquiátrico.

Ela usou a arte para tratar problemas graves de saúde mental

Nise percebeu que as artes plásticas eram o canal de comunicação com os pacientes esquizofrênicos graves, que até então não se comunicavam verbalmente. As obras produzidas por eles davam “voz” aos conflitos internos que viviam.

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Ela expôs as artes feitas pelos pacientes

Além do efeito terapêutico, as artes plásticas possibilitaram que os pacientes (ou clientes, como Nise gostava de chamá-los) se tornassem verdadeiros artistas.

A produção do ateliê do Setor de Terapia Ocupacional já tinha despertado a atenção de pesquisadores de saúde mental e médicos, mas críticos de arte também viram naqueles trabalhos obras artísticas dignas de exposição. Foram organizadas duas exposições internacionais e, em 1952, foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro.

Em entrevista à revista Cult, Luiz Carlos Mello, diretor do Museu das Imagens do Inconsciente e autor da fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde, informa que o acervo pessoal de Nise da Silveira é tombado como Memória do Mundo da Unesco. “Com a criação do Museu, também como um centro de estudos e pesquisa, seu acervo atingiu mais de 360 mil obras e se tornou a maior e a mais diferenciada coleção desse tipo de arte no mundo. Suas principais coleções foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.”

Ela introduziu gatos e cachorros na rotina dos psicóticos

Nise encorajou os pacientes psicóticos a conviverem com gatos e cachorros. O resultado foi uma admirável promoção de afetividade com os bichinhos.

Ela revelou as emoções dos esquizofrênicos

Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima, professora do Curso de Terapia Ocupacional da USP e autora do livro Arte, Clínica e Loucura: Território em Mutação, explica à revista Cult que Nise constatou que o mundo interno do esquizofrênico, considerado inatingível até então, poderia ser acessado, revelando as emoções desses pacientes por meio das artes plásticas. “Nise afirmava que o hospital colaborava com a doença e acreditava que caberia à terapêutica ocupacional parte importante na mudança desse ambiente.”

Ela chamou a atenção de Jung

Nise era uma devoradora de livros e tinha um interesse especial pela obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Ela escreveu uma carta para ele, pedindo ajuda para interpretar as mandalas que os pacientes desenhavam. A correspondência é relatada na fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde:

“A configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denotará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna. Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C. G. Jung, explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida.”

Bernardo Horta, autor da biografia Nise — Arqueóloga dos Mares, diz à Cultque Nise “constata o que Jung afirmava: se para o neurótico – o que seria todos nós, segundo Freud – o tratamento é por meio da palavra, ou seja, a psicanálise, para o esquizofrênico, segundo Jung, a palavra não dá conta. Para esse paciente, o tratamento deveria ser pela imagem”.

Em 1957, Nise é convidada por Jung para passar um ano estudando com ele no Instituto Junguiano, na Suíça, além de expor o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente no II Congresso Internacional de Psiquiatria. Na volta ao Brasil, em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Rio de Janeiro, que coordenou até morrer, em 1999.

Ela questionou os manicômios

Para Nise, a experiência em manicômios mostrou que havia uma confusão entre hospital psiquiátrico com cárcere, com os pacientes tratados como presos. Avessa a essa abordagem desde o começo, e defensora de um olhar humanista, em 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, a primeira instituição a desenvolver um projeto de desinstitucionalização dos manicômios no Brasil.

A Casa é lugar para o convívio afetivo e estímulo à criatividade dos psiquiátricos. A clínica funciona em regime aberto, sem fins lucrativos, à base de doações.

Ela ajudou a escrever a história da psiquiatria

Nise apontou falhas na psiquiatria, contestou práticas e demonstrou soluções, dando novos contornos e sentidos aos tratamentos e às relações entre psiquiatras e pacientes. Em seus 94 anos de vida, a alagoana publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos.

Ela representa uma resistência atemporal

O psicanalista Christian Dunker, no Blog da Boitempo, reforça a atemporalidade dos feitos de Nise:

“Não me parece um acaso que, em meio ao momento de maior dissenção social que já vivemos, desde os anos de chumbo da ditadura militar, estejamos presenciando o maior retrocesso desde então registrado em matéria de saúde mental. A nomeação de Valencius Wursch Duarte Filho como secretário de saúde mental do Ministério da Saúde, em uma operação indecente de barganha política, é o retorno de tudo o que Nise demorou uma vida para desfazer. Passeatas, manifestações e mesmo a própria ocupação, que persiste há mais de dois meses, de uma das salas do Ministério, parecem não ter voz nem luz contra a volta das piores trevas psiquiátricas.”

“Duarte Filho foi diretor técnico do hospital psiquiátrico Casa de Saúde Dr. Eiras, fechado em 2012 depois de constatadas graves violações aos direitos humanos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados”, escrevem os psicanalistas Antonio Lancetti e Maria Rita Kehl, e o psicólogo Aldo Zaiden, em um artigo na Folha de S. Paulo.

Segundo a Sociedade Brasileira de Psicanálise, entre os profissionais de saúde, a indicação de Duarte Filho para o cargo é vista como um “retrocesso e uma ameaça real aos avanços conseguidos nos últimos anos com a Rede Nacional de Saúde Mental, que promoveu a substituição dos hospitais psiquiátricos pelos Centros de Atenção Psicossociais, organizados para oferecer atendimento intensivo, articulados a emergências psiquiátricas, residências terapêuticas e outras formas efetivas de reabilitação, beneficiando milhares de pessoas antes sujeitas a maus-tratos de toda ordem”.

Mais do que atual: Nise é urgente para a sociedade brasileira.

Por: Amanda Mont’Alvão Veloso

EXAME

Veja o trailer abaixo: